Embora o livro Estado da uniao: por dentro do complexo casamento de Bill e Hillary Clinton, aparentemente nao traga novos detalhes escabrosos sobre o casal, ele poderia comprometer o voto judeu para Hillary, crucial num estado onde vive a mais importante comunidade judaica fora de Israel.
Os defensores e detratores de Hillary reagiram à acusaçao do autor Jerry Oppenheimer (que também escreveu uma biografia escandalosa sobre Rock Hudson), que garante que Hillary usou um termo anti-semita durante uma discussao com um assessor de seu marido, há 25 anos.
De acordo com o autor, Hillary chamou o assessor Paul Fray de "judeu filho da mae". "Nada em seus 26 anos de vida pública indica que (Hillary Clinton) tem preconceitos, ou que é anti-semita", disse nesta terça-feira Abraham Foxman, diretor da Liga antidifamaçao.
Mas apesar do indignado desmentido da primeira-dama, alguns líderes judeus conservadores denunciaram Hillary, vinculando o suposto comentário anti-semita com suas declaraçoes de apoio a um Estado palestino e até mesmo com um beijo de cortesia trocado com Suha Arafat, esposa do líder palestino Yasser Arafat, no ano passado.
"Estamos indignados pelo padrao de comentários anti-semitas e anti-Israel", disse Joseph Frager, líder judeu conservador, numa entrevista nesta segunda-feira em frente à sede do escritório de campanha da candidata democrata em Manhattan.
A menos de quatro meses das eleiçoes, os jornais americanos repercutem a confusao causada pelo livro de Oppenheimer. O influente New York Times publicou nesta terça-feira em editorial que "a evidência nos inclina fortemente a acreditar" em Hillary Clinton. E na página editorial do jornal econômico Wall Street Journal, o judeu republicano Denis Prager saiu nesta terça-feira em defesa da primeira-dama, afirmando que "ninguém pode chamar Hillary Clinton de anti-semita, nem pelo seu comportamento, nem pelo seu discurso".
Por outro lado, o concorrente da primeira-dama na campanha para o Senado, o republicano Rick Lazio, que ao estourar a polêmica disse que nao ia tecer comentários, nao conseguiu cumprir sua promessa, afirmando na segunda-feira que achava o insulto supostamente proferido por Hillary "muito perturbador".
Hillary Clinton, que nesta terça-feira teve várias atividades públicas em Manhattan, se negou a aceitar perguntas de repórteres sobre a controvérsia, reiterando que vai continuar se concentrando nas prioridades de sua campanha, entre elas educaçao e saúde.
Enquanto isso, e apesar de o autor se limitar a repetir em seu livro a já trilhada tese de que o casamento dos Clinton se baseou desde o início na ambiçao compartilhada de conquistar a Casa Branca, as livrarias de Nova York torcem para que, junto com a polêmica, venha o interesse em comprar o livro.
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