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Salão de cabeleireiro esbarra em burocracia
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
04/03/2010 | 07:00
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Para montar um salão de cabeleireiro é preciso muito mais do que apenas um espaço físico e talento. Quem quer exercer a atividade legalmente tem, desde julho, a seu favor, o MEI (Microempreendedor Individual), programa do governo federal que traz pequenos empresários à formalidade pelo custo de até R$ 62,10 por mês.

A taxa inclui o pagamento reduzido dos tributos INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), R$ 56,10, já com o reajuste do salário-mínimo para R$ 510; ISS (Impostos Sobre Serviços), R$ 5 e ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) - R$ 1. Pode se inscrever quem tiver renda anual de até R$ 36 mil e, no máximo, mais um funcionário.

O primeiro passo é verificar se o imóvel pretendido está classificado na lei de zoneamento como comercial ou misto. "Muitos empreendedores não se atentam a isso e, quando vão à prefeitura pedir a autorização para o funcionamento não têm a autorização para abrir o salão. Acabam perdendo tempo e muito dinheiro", explica José Roberto Rodrigues Silva, analista do Sebrae-SP (Serviço de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário).

Tão importante quanto é decidir o porte do salão e se haverá sociedade ou se o cabeleireiro será proprietário único. Se terá mais de um funcionário ou apenas um ajudante. E disso depende o modo como a empresa será aberta. Tendo apenas mais um funcionário, é possível se cadastrar pelo MEI. Com uma equipe maior, é preciso se inscrever pelo Super Simples.

É necessário definir, ainda, se o salão comercializará produtos ou se apenas prestará serviços, pois se vender itens, será preciso pagar também o ICMS, e não somente o ISS. Caso o proprietário opte pelo MEI, ele estará isento de taxas no primeiro momento.

Além disso, a primeira declaração do IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica), relativa à movimentação financeira do negócio, não é cobrada pelo contador, assim como a inscrição no MEI. Caso opte pelo Super Simples, as taxas são cobradas normalmente.

Havendo sociedade, o consultor Alexandre Cantinho - que tem em seu portfólio salões de cabeleireiro como Studio W, MG Hair, Mauro Freire e Jacques Janine - orienta que a parceria seja formada por profissional da área e outro do setor administrativo. "O cabeleireiro vai coordenar a equipe e realizar os trabalhos práticos. Já o administrador resolverá questões burocráticas, como pagamentos de salários, aluguel e impostos."

A cada R$ 100 faturados, só R$ 25 ficam com proprietário

O próximo passo, depois de verificar as questões legais do negócio, é definir o público-alvo que se pretende atingir e quanto será cobrado pelos serviços. "Em média, para cada R$ 100 faturados, o proprietário deve estar ciente de que apenas R$ 25 ficam com ele", explica o consultor Alexandre Cantinho.

Entre os outros R$ 75, R$ 25 vão para a compra de produtos, como xampu e tintura, e para o pagamento de impostos. Os demais R$ 50, são destinados a salários, aluguel, gastos administrativos e contador.

Por isso é necessário pesquisar antes de começar a comprar equipamentos, mobiliário, produtos etc. A escolha de um bom fornecedor é fundamental para reduzir as despesas. "Veja o seu faturamento e o divida por quatro. Para pagar despesa de R$ 1.000, por exemplo, será necessário faturar pelo menos R$ 4.000", adverte o consultor.

O proprietário não deve se esquecer, segundo José Roberto Rodrigues Silva, analista do Sebrae-SP, de providenciar alvará da Vigilância Sanitária, já que serão manuseados produtos químicos.

Cantinho lembra que estoque é sinônimo de dinheiro na prateleira e trabalhar com produtos de qualidade e se preocupar em não faltá-los são fundamentais para conquistar os clientes. "É preciso ser cortês, respeitar os horários, disponibilizar de profissionais treinados para fazer com que o cliente tenha uma experiência satisfatória."




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