Com problemas financeiros desde o início do ano, o Hospital Puer - antiga maternidade Neomater - fechará as portas pelos próximos dez dias para tentar reestruturar as finanças do espaço. Nos bastidores, porém, a notícia é de que o lugar dificilmente voltará a funcionar. Procurada, a administração preferiu não se pronunciar.

Funcionários do hospital estão sem receber salários há três meses. Com o problema, mais da metade do quadro não tem cumprido expediente, o que obrigou a administração a cancelar atendimentos previamente marcados. Segundo servidores que preferiram não se identificar, ontem, só duas crianças permaneciam internadas, ambas na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal.

"Estávamos agendando cerca de três cirurgias por dia. Ontem, os médicos foram avisados para marcar os procedimentos em outros locais", explicou um servidor.

A decisão sobre o fechamento temporário teria partido da administração, mas na porta do hospital, a explicação para quem procurava a emergência era outra: "Disseram que os servidores estão em greve. Meu filho está passando mal e o hospital que me encaminham não funciona", reclamou Julio de Souza, que foi barrado antes mesmo de chegar à portaria do prédio. "Me mandaram para outro hospital, que nem conheço."

No Neomater, a reportagem do Diário encontrou cenário desolador: a sede, que até pouco tempo era referência no atendimento neonatal, estava totalmente vazia. Cantina e recepção estavam fechadas e com as luzes desligadas; poucos servidores - a maioria da manuntenção e limpeza - vagavam pelo local. Até o fim da tarde, outros hospitais do entorno ainda não haviam registrado aumento de demanda.

O Hospital Puer assumiu a gerência do Neomater no fim do ano, após inúmeros problemas registrados pelos antigos donos nos pagamentos de fornecedores e funcionários.

Em fevereiro, a nova administração também começou a atrasar vencimentos, alegando que a Justiça havia bloqueado as contas da nova gestora por causa de ações trabalhistas de ex-servidores. Após a desvinculação das empresas em março, no entanto, o problema continuou. No mês passado, o Puer fechou a maternidade e reabriu o prédio do hospital-geral para aumentar atendimentos e, assim, recuperar o caixa, sem sucesso.