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Shrek: momento de decisão
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
04/07/2010 | 07:23
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Shrek tem três filhos, está casado com seu verdadeiro amor e viverá feliz para sempre... Na realidade, não é bem assim. Em Shrek Para Sempre, que estreia dia 9 no cinema, o ogro começa a duvidar da tal felicidade. Tem saudade de urrar, assustar as pessoas, rolar na lama, soltar pum à vontade. Não está satisfeito com o que tem.

Depois de brigar com Fiona, sai para esfriar a cabeça e encontra Rumpelstiltskin. O grandalhão nem imagina que o anãozinho o odeia e é trapaceiro.

Lembra que no primeiro longa o ogro salvou a princesa? Se isso não tivesse acontecido, o pai de Fiona teria dado o Reino de Tão Tão Distante para Rumpelstiltskin. Em troca, o rei teria a filha salva. Mas não rolou assim porque o verdão chegou antes e libertou a princesa.

Sem saber de nada, Shrek faz acordo com o anão para ter de novo apenas um dia de ogro de verdade. O vilão obtém o direito de ficar com um dia da sua infância e escolhe a data em que ele nasceu.

Tudo parece maravilhoso quando Shrek retorna à antiga vida. As pessoas gritam ao vê-lo, e ele pode ser grosseiro. Mas logo percebe que há algo estranho. O reino está destruído e é governado pelo anão.

Para piorar, ninguém tem ideia de quem o verdão seja. Nem mesmo o melhor amigo Burro o conhece. Fiona se transformou em guerreira e, assim como todos os ogros, é caçada por bruxas. O Gato de Botas virou bichano rechonchudo e preguiçoso. Se nada for feito, Shrek desaparecerá ao amanhecer, já que só tem um dia de ogro. Mas há uma esperança: o beijo do amor verdadeiro.

Mais sério - O filme também será exibido em 3D, tecnologia que dá mais realismo à cena da carruagem que leva o pai de Fiona à cabana de Rumpelstiltskin. Parece que os cavalos vão passar por cima do público.

A trama tem boas piadas, mas é a mais séria das quatro animações sobre o personagem. Dá a impressão de que o ogro quer nos fazer pensar. A lição que ele passa, as pessoas até sabem, mas sempre precisam lembrar: "A gente só aprende a dar valor para as coisas que tem quando as perde". É verdade Shrek!

Antigo personagem do folclore europeu
Sherk surgiu para mudar a opinião das pessoas a respeito dos ogros. Não se sabe ao certo quando e onde, mas essas criaturas foram inventadas há muito tempo. Estão presentes nas lendas do folclore de vários povos da Europa.

São monstros grandes, maus, fortes, desajeitados, sujos e, em geral, pouco inteligentes. Têm dois braços e duas pernas; pele grossa, podendo ser verde ou marrom. Em algumas histórias, têm chifres e dentões. Em outras, são devoradores de homens. Tornaram-se personagens comuns nas aventuras de RPG (Role Playing Game).

Nos países escandinavos (Suécia, Noruega e Dinamarca), são chamados de troll. Na mitologia japonesa, o oni é o ser que mais se assemelha ao ogro. Também tem corpo que lembra o humano, mas a pele é avermelhada. Pode ter rosto de animais, como macaco e pássaros. Hoje, também se define como ogro quem é sem educação, mal-humorado e grosseiro.

Shrek é amado pelos fãs
Shrek pode ser mal-educado, fedido e estressado, mas os fãs sabem que, no fundo, é bonzinho. "Às vezes, ele é grosso e não gosta das pessoas. Mesmo assim, é legal", diz Carolina Miranda, 7 anos, de Santo André.

"Ele é irritadinho e faz coisas nojentas", lembra Gabrielle Moreno Lopes, 6. Quem sai em sua defesa é Stephanie Zago, 9: "Cada dia a gente está de um jeito. Shrek é assim também. Num dia está nervoso, no outro não. Ele tem de ser tão feio para ficar engraçado."

Na opinião de Melissa Moraes de Oliveira, 6, os ogros de outras histórias são bem diferentes de Shrek. "São maus e comem gente, mas isso só acontece no faz de conta", explica.

Todos enfrentam dúvidas
Assim como Shrek, a maioria das pessoas enfrenta fase de dúvidas pelo menos uma vez na vida. Em geral, as questões aparecem no momento em que é preciso decidir algo muito importante. A adolescência é a etapa em que surgem os primeiros grandes questionamentos. É nesse momento que se começa a escolher qual profissão seguir e de qual turma de amigos deseja pertencer, por exemplo.

Muitos adultos também passam por isso, principalmente por volta dos 40 anos e na chamada terceira idade (após os 60). Nesse caso, relembram as decisões que já tomaram e pensam no que aconteceria se tivessem feito tudo diferente.

Com Shrek ocorreu justamente dessa forma no quarto filme. Ele imagina como tudo seria se não tivesse salvado Fiona, casado e tido os três filhos.

Durante a fase de questionamentos é comum sentir-se triste, mas isso deve ser superado. Quem sofre durante muito tempo, sem resolver as dúvidas, e aqueles que começam a ter problemas de saúde por causa disso precisam procurar a ajuda de um psicólogo. Na animação, o ogro aprendeu a lidar com as dificuldades e pôde, finalmente, viver feliz para sempre. (Consultoria da psicóloga Nirã Valentim)

Anãozinho sapeca já fez trapaças antes
O vilão de Shrek Para Sempre é mestre em enganar os outros. Assim como Pinóquio, os Três Porquinhos e o Gato de Botas, o personagem tem o próprio conto de fadas. Rumpelstiltskin apareceu pela primeira vez em 1812, em um livro de histórias dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm. Na trama, uma jovem tem três dias para transformar um monte de palha em ouro e, assim, se casar com o príncipe. Caso não consiga, o rei mandará matá-la. Então, aparece o anãozinho sapeca que promete ajudá-la. A cada dia ele pede algo em troca. No terceiro, a moça já não tem mais nada para oferecer. Rumpelstiltskin encontra a solução: o primeiro filho seria dado a ele. Quando a criança nasce, o anão aparece para levá-la. Para impedi-lo, a mãe tem três dias para adivinhar o nome dele, que nunca foi ouvido por ela.

O questionamento surgiu com Hamlet
Shrek não é o único personagem da ficção com dúvidas sobre a própria existência. Já ouviu a frase: "Ser ou não ser, eis a questão"? Trata-se da fala de Hamlet, protagonista da peça teatral de mesmo nome escrita pelo inglês William Shakespeare, entre 1599 e 1601. É uma das mais importantes obras da literatura mundial.

A história é para adultos. Conta a trajetória do Príncipe Hamlet, da Dinamarca, que deseja vingar a morte do pai, assassinado pelo irmão. Na trama, planeja a morte do tio que virou rei e casou com sua mãe. Depois de cumprir a promessa que fez, ele enlouquece e morre. Há várias versões para o teatro, a TV e o cinema.




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