Economia Titulo Balanço
Produção de veículos despenca 15,3%

Em 2014, foram fabricadas 3,146 mi de unidades;
emprego encolhe 8,8% e demitidos somam 14.110

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
09/01/2015 | 07:12
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Celso Luiz/DGABC


A produção nacional de veículos despencou 15,3% em 2014, com a fabricação de 3,146 milhões de unidades, menor marca desde 2010. Só não foi pior que o resultado de 2009, ano da crise econômica, em que foram produzidos 3,076 milhões de automóveis, comerciais leves (picapes e utilitários), caminhões e ônibus.

O tombo da produção fez com que o emprego também encolhesse e atingisse o equivalente a 38 cortes por dia. No ano passado houve redução de 8,8% no quadro de funcionários das montadoras, o que significou a demissão de 14.110 trabalhadores – para se ter ideia do que isso representa, é um pouco mais do que a fábrica da Volkswagen em São Bernardo, que tem em torno de 13 mil funcionários. Dessa forma, 2014 encerrou com 114,6 mil empregados em todo o Brasil.

No balanço divulgado ontem pela Anfavea (Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores) ainda não estão contabilizados os recentes cortes anunciados pela Volswagen (800) e Mercedes-Benz (260) em São Bernardo.

Também diminuiu o estoque do setor, que em novembro estava contabilizado em 42 dias, para 36 dias no mês passado. Esse é o tempo que as concessionárias e montadoras levam para desovar os cerca de 360 mil veículos prontos.

Segundo o presidente da entidade, Luiz Moan, 2013 foi um ano fora da curva, pois naquele período havia bastante crédito disponível e o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) estava reduzido.

“O IPI reduzido permitiu a venda de 1,6 milhão de veículos a mais e gerou R$ 8,1 bilhões em impostos arrecadados ao País”, assinalou.

No ano passado, os bancos tornaram-se mais seletivos em virtude do alto endividamento da população e a alíquota do tributo subiu um pouco. Além disso, itens como air bag e freios ABS, que tornaram-se obrigatórios, encareceram os carros. Outro fator alegado pelo dirigente foi a alta concentração de feriados no ano passado, as manifestações contra a realização da Copa do Mundo, que começaram em junho de 2013, espalharam clima pessimista e impactaram as vendas.

Quanto à redução do emprego, além de se justificar pelo ritmo menor de fabricação pelo fato de o mercado demandar menos veículos, “se deu pela não renovação de contratos, PDVs (Programas de Demissão Voluntária), não reposição de vagas e aposentadorias”, elencou Moan.

As exportações viveram movimento de queda livre em 2014, com retração de 40,9% e 334,5 mil unidades vendidas ao Exterior. O impacto se deu, em maior parte, pela crise na vizinha Argentina, principal mercado comprador.

PERSPECTIVA - Para este ano, as projeções são de estabilidade no emprego, alta de 1% nas exportações e 4% na produção. “Acho esse percentual extremamente conservador”, avaliou.

“Com as novas regras que permitem retomada do bem (em caso de inadimplência), boa parte da sustentação do mercado se dará a partir desse mecanismo (com o qual espera-se afrouxamento nas regras para concessão de crédito)”, disse Moan.

Como o IPI subiu quatro pontos percentuais no início do mês, os veículos devem ficar até 4,5% mais caros, estima. “Isso se o aumento for repassado integralmente. Mas isso cabe a cada empresa.”
 




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