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Atendimento na Santa Casa pode ser suspenso na sexta
23/12/2014 | 07:57
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Com dívida superior a R$ 400 milhões e novas ameaças de suspensão de contratos por parte de fornecedores, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo pode suspender o atendimento na próxima sexta-feira, 26, caso não consiga efetivar nos próximos dias um empréstimo de R$ 40 milhões com a Caixa Econômica Federal.

A informação foi dada a médicos da entidade durante reunião de representantes da categoria com o superintendente da Santa Casa, Irineu Massaia, na tarde desta segunda-feira, 22. O encontro teve a participação de oito funcionários que integram o movimento Santa Casa Viva, criado na manhã de ontem e que pede a renúncia do provedor da instituição, Kalil Rocha Abdalla.

De acordo com o médico José Gustavo Parreira, representante do movimento e um dos presentes na reunião, Massaia explicou que a entidade tenta viabilizar um empréstimo com a Caixa e precisa oferecer um imóvel de igual valor como garantia para obter o crédito.

O trâmite, porém, precisa ser aprovado pela Mesa Administrativa da Santa Casa, o que teria de acontecer hoje, quando o órgão se reúne de forma extraordinária para discutir o pedido de licença do provedor, anunciado anteontem.

"O superintendente disse que já tentou colocar isso em votação na mesa outras duas vezes, mas que não foi aprovado. A situação é muito mais grave do que imaginávamos. Se a alienação do imóvel não for aprovada amanhã (hoje), não é só o pronto-socorro que fecha, é o hospital inteiro, porque não vai haver dinheiro para itens essenciais, como oxigênio para os pacientes", disse Parreira.

A assessoria de imprensa da Santa Casa confirmou a realização da reunião entre os médicos e o superintendente e informou que a situação da instituição se agravou ainda mais ontem, quando a empresa que presta serviço de lavanderia e os fornecedores de alimentação e combustível anunciaram que poderão parar por falta de pagamento.

A instituição afirmou que, caso não consiga nos próximos dias condições para obter crédito, haverá um "agravamento do plano de contingência" anunciado na semana passada, podendo culminar na interrupção de serviços.

Caso a alienação do imóvel não seja aprovada e o empréstimo com a Caixa fracasse, a entidade deverá comunicar as secretarias estadual e municipal da Saúde sobre novas regras para o atendimento a pacientes. É possível que, a partir de sexta-feira, alguns setores do complexo hospitalar tenham o serviço totalmente interrompido e que outros, como o pronto-socorro, façam apenas o primeiro atendimento dos casos graves e transfira os pacientes para outras unidades.

Plano

Na quinta-feira passada, quando a superintendência da entidade anunciou o plano de contingência, a instituição informou que diminuiria o número de procedimentos eletivos (não urgentes) realizados, como consultas, exames e cirurgias, e que poderia recusar ou transferir pacientes com quadros menos graves.

No dia anterior, a empresa que presta serviços de limpeza e manutenção para a Santa Casa havia anunciado a suspensão do contrato por falta de pagamento. Mais de 1.100 funcionários da companhia que atuavam no hospital foram demitidos.

Os cerca de 7 mil funcionários próprios da entidade sofrem com o atraso do pagamento de dezembro e do 13º salário. A primeira parcela do benefício já estava atrasada desde o final de novembro e a segunda, que deveria ter sido paga até o último dia 20, não foi depositada. A entidade propôs aos funcionários que esperem até o dia 29 de dezembro para que os pagamentos sejam regularizados.

Caso o empréstimo com a Caixa seja efetivado, boa parte dos R$ 40 milhões será utilizada para regularizar as despesas com a folha de pagamento.

Pressão

Diante da crise, os integrantes do movimento Santa Casa Viva decidiram fazer um ato pacífico na frente da Provedoria, na manhã de hoje, para pressionar os membros da mesa a aprovarem a alienação do imóvel para o empréstimo. A pauta da reunião é a aceitação ou recusa do pedido de licença de Abdalla, mas a questão do empréstimo deve ser apresentada pelo superintendente.

O pedido de licença do provedor foi criticado por membros da irmandade e pelos próprios funcionários, que exigiam sua renúncia definitiva.

A reunião de hoje foi convocada por Abdalla após pressão dos membros da Provedoria, que enviaram carta ao provedor ressaltando que sua licença precisaria ser votada pela Mesa Administrativa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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