Economia Titulo Crise
Indústria do Grande ABC demite 10.619 trabalhadores

Estudo da Fundação Seade com base em dados do Caged
levanta perdas de emprego formal neste ano até setembro

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
16/12/2014 | 07:03
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Banco de dados/DGABC


A indústria do Grande ABC vai mal. Reduziu o quadro de funcionários em 10.619 ocupações de janeiro a setembro. Com dificuldades para escoar seus estoques, o setor automotivo é um dos que mais sofre, e vem reduzindo a produção. As empresas de autopeças, principais fornecedoras, tiveram queda nos pedidos. O resultado é o aumento de demissões. Nesse efeito em cadeia, a área de serviços também foi atingida, mais precisamente o ramo de transportes, que viu redução na demanda e cortou 1.943 postos de trabalho no acumulado dos nove primeiros meses do ano.

Este é o cenário desenhado pelo Painel das Profissões – Emprego Formal, da Fundação Seade, lançado ontem. O estudo tem como base dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). Tendo em vista que a base de informação são os relatórios enviados pelas empresas instaladas na região, esse é o dado mais atualizado sobre o mercado de trabalho até a data referência.

“Está tudo relacionado. As montadoras vão mal, têm estoques elevados. Dizem que, dependendo da marca, vão de 45 a 60 dias (tempo necessário para escoar produção)”, destacou o delegado do Corecon (Conselho Regional de Economia) para o Grande ABC e professor de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e FSA (Fundação Santo André), Leonel Tinoco.

Segundo a Fundação Seade, a região encerrou setembro com 791.174 empregos formais. No acumulado de janeiro a setembro, perdeu, considerando todos os setores, 4.704 postos de trabalho.

Nesses nove meses, a indústria da transformação, responsável por 30% da mão de obra formalizada do Grande ABC, perdeu 10.619 vagas. Devido às atualizações de empresas que não enviaram ao MTE seus dados até a data limite, esse número é diferente dos 10.007 empregos a menos publicados pelo Diário em outubro. Com os cortes no período, o segmento soma contingente de 239.003 trabalhadores.

Dos postos de trabalho fechados na indústria, a metalmecânica foi responsável por 75% do total, ou seja, pela demissão de 8.007 profissionais. O segmento representa 57% da indústria de transformação da região.

RESPONSÁVEIS - Isso é reflexo, principalmente, do mau momento pelo qual as montadoras passam. As fabricantes (existem seis delas na região) perderam um de seus principais mercados, o argentino, que fechou as portas para itens de fora devido à crise que passa, e à falta de dólar para importar. Sem contar a economia brasileira em desaceleração, junto à retirada gradual da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o alto endividamento das famílias, que diminuiu a demanda por veículos, tanto pela falta de recursos quanto pela dificuldade do acesso ao crédito. O cenário resultou nos cortes, nos PDVs (Programas de Demissão Voluntária), nos anúncios de suspensões temporárias de contratos de trabalho, chamados de lay-off e nas férias coletivas (muitas fábricas adotaram duas no ano), tudo para reduzir o ritmo de produção.

Com isso, a indústria de fabricação de produtos de borracha e material de plástico, que em grande parte atendem as autopeças, destacou Tinoco, diminuiu seu quadro em 1.774 funcionários, chegando a estoque de 29.895 no fim de setembro.

Até o setor de serviços, tradicionalmente o maior empregador do Grande ABC e do País, que teve acréscimo de 4.262 postos da região, sofreu. O segmento de transportes, principalmente, que integra cadeia produtiva da indústria reduziu 1.943 postos, chegando ao total de 51.270 carteiras registradas. O reflexo também chegou ao comércio varejista, que demitiu 159 trabalhadores.

Na contramão, os serviços de Saúde, Educação e administração pública se destacaram ampliando o quadro em 3.716 vagas e, a construção, em 639.  




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