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Promotor quer reabrir caso PC
Irineu Masiero
Da Redaçao, com AE
24/03/1999 | 22:31
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O promotor de Justiça de Alagoas Luiz Vasconcelos disse nesta quarta que vai reabrir as investigaçoes sobre a morte do empresário Paulo César Farias e de sua namorada Suzana Marcolino caso sejam comprovados erros no laudo do legista paulista Fortunato Badan Palhares. Suzana e PC foram encontrados mortos com um tiro de revólver cada um, na manha de 23 de junho de 1996, na casa de praia do empresário, em Maceió. A investigaçao da polícia alagoana, sob o comando do delegado Cícero Torres, concluiu que foi crime passional: Suzana matou PC e depois se suicidou.

Vasconcelos desconfia dessa versao e vai pedir nova diligência à polícia. Ele quer ouvir os peritos que assinaram laudos sobre o caso; fazer a reconstituiçao do crime (com as mesmas pessoas que estavam na casa e no mesmo horário das mortes) e interrogar novamente os seguranças.

O promotor justifica a iniciativa dizendo que apareceram fatos novos sobre o caso - que estao sendo mantidos sob sigilo -, entre os quais a diferença da verdadeira altura de Suzana e a mediçao apresentada no laudo assinado por Palhares.

"No laudo de Palhares, consta que Suzana tem 1,67 m, sendo portanto mais alta que Paulo César Farias. Mas em fotos da família, Suzana aparece ao lado de PC, ambos descalços e de pé, dando para ver claramente que ela era mais baixa do que ele", disse Vasconcelos.

O promotor disse que, de acordo com a família da namorada de PC, Suzana tinha 1,58 m de altura e nao 1,67 m, como consta no laudo oficial. "Estamos requisitando essas fotos e documentos publicados em um jornal de grande circulaçao nacional, para que possamos analisá-las e solicitar novas diligências sobre o caso."

Para o promotor, a diferença de altura, embora de apenas 10 cm, implica a reformulaçao completa do laudo de Palhares. "Mas nao sei até que ponto isso poderá mudar a versao de crime passional para duplo assassinato", disse Vasconcelos. Ele vai convocar Palhares para prestar novo depoimento sobre o caso, em Maceió.

Há quase um ano lidando com o inquérito sobre o caso PC, Vasconcelos afirmou que ainda nao se convenceu da tese de crime passional. Ele disse que deixou que o caso caísse no esquecimento para poder trabalhar com maior tranqüilidade e chegar o mais perto possível da verdade dos fatos.

"Se a tese inicial tivesse me convencido, eu já teria pedido arquivamento", disse. "Para o inquérito virar processo, eu preciso denunciar alguém, e isso só posso fazer com provas."

Entre as provas que o promotor pretende obter estao dois laudos que contestam a versao de crime passional: um do legista Daniel Romero Munhoz, da USP (Universidade de Sao Paulo), e outro do legista George Sanguinetti, da Universidade Federal de Alagoas.

Sanguinetti afirmou nesta quarta ao Diário que ficou "exultante" com a reviravolta do caso. "Aos poucos, e se houver vontade política, a verdade vai aparecer", disse. O legista afirmou que ainda mantém um grupo de seguranças armados para sua proteçao pessoal, usa colete à prova de balas e carrega uma pistola sempre à mao.

Segundo o laudo de Munhoz, "há evidências, que falam contra o suicídio, portanto pode ter havido um duplo assassinato". Na opiniao dele, os seguranças que estavam na casa no dia do crime teriam de ter ouvido os tiros, ao contrário do que disseram à polícia.

O promotor tem em maos o rastreamento de todos os telefonemas que os seguranças deram ou receberam de dentro da casa, durante e depois do crime. O chefe da segurança e motorista de PC, Juarez Alves, por exemplo, recebeu e fez cerca de 40 ligaçoes, das 20h do sábado às 4h30 do domingo (hora do suposto suicídio). Além disso, a Polícia Federal vinha realizando escuta nos telefones de todos os seguranças - informaçoes que estao sob segredo de Justiça.

O deputado Augusto Farias (PFL-AL), irmao de PC, nao quis falar sobre o assunto. Seu assessor de imprensa, Gabriel Mousinho, disse que "como nao foram apresentados novos fatos, a família continua acreditando que PC foi vítima de um crime passional".




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