Economia Titulo Previdência
Expectativa de vida sobe para 74,9 anos e impacta no fator

Aos 55 anos de idade e 35 de contribuição, é preciso mais 79 dias para ter mesmo benefício

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
02/12/2014 | 07:29
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O brasileiro, a cada ano que passa, vive mais, e em 2013 a expectativa de vida da população chegou a 74,9 anos, incremento de três meses e 25 dias em relação a 2012 (74,6 anos), de acordo com números divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Para quem está próximo de se aposentar pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), a notícia não é boa, já que será preciso trabalhar mais para conseguir se aposentar com o mesmo valor que antes. Isso porque, quanto maior a expectativa de vida, menor o fator previdenciário, utilizado para calcular o valor das aposentadorias por tempo de contribuição. Quem se aposenta por idade, a fórmula só é usada para aumentar o benefício e, quando este é por invalidez, o fator não é utilizado.

Pelo novo levantamento do IBGE, o segurado com 55 anos de idade e 35 anos de contribuição terá de trabalhar por mais 79 dias corridos para manter o rendimento que teria se tivesse feito o requerimento em novembro. No ano passado, porém, foi pior: uma pessoa nessas condições teria de recolher ao INSS por mais 153 dias corridos, pois a sobrevida havia subido, em 2012, cinco meses e 12 dias em relação a 2011, quando a esperança de vida do brasileiro era de 74,1 anos.

O fator utiliza a média da expectativa de vida, mas as mulheres vivem mais. Em 2012, elas viviam até os 78,3 anos e, no ano seguinte, passaram aos 78,6. A população masculina, que tinha sobrevida de 71 anos há dois anos, foi a 71,3 em 2013.

MÉDIA - A redução no rendimento do segurado com o novo fator fica, em média, em 0,65%, comparando-se a concessão até novembro e na ocorrida a partir deste mês, o que dá um aumento médio de 58 dias no tempo em que a pessoa tem de trabalhar (isso levando em conta idades entre os 40 e os 80 anos), segundo cálculos da Conde Consultoria Atuarial.

A diferença, em valores, parece pequena. No caso, por exemplo, de um homem com 55 anos e 35 de contribuição com média salarial de R$ 1.000, o benefício, que seria R$ 705,69 com a tábua anterior de sobrevida do IBGE, passa agora a R$ 700,20 por mês, redução de apenas R$ 5,49, ou 0,78% a menos. No caso da mulher com mesma idade e tempo de recolhimento, passaria de R$ 814,04 de benefício para R$ 807,70, diminuição de R$ 6,33.

ACUMULADO - No entanto, como a expectativa de vida tem subido ano a ano, nos últimos 15 anos as perdas são bem maiores. “No acumulado, passa a ser significativo”, afirma o professor da Fipecafi-FEA (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras da Faculdade de Economia e Administração), da USP (Universidade de São Paulo), Newton Conde, que é atuário especializado em previdência e diretor da Conde Consultoria.

De acordo com ele, tomando como referência trabalhador com 55 anos de idade e 35 de recolhimento, o achatamento chega a 16,7%. Isso significa que, com essas características de idade e período de trabalho, se o benefício concedido para o segurado em 1999 fosse de R$ 840,88, hoje, alguém com o mesmo perfil ganharia de concessão apenas R$ 700,18.
 




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