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Depoimento de Dirceu: só em agosto
27/06/2005 | 23:53
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O governo pôs em prática uma estratégia para tentar esfriar a crise, adiando para depois do recesso parlamentar de julho o depoimento do deputado José Dirceu (PT-SP) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. Convidado para depor nesta semana, Dirceu contrariou as expectativas e disse nesta segunda-feira que não deporá em nenhum dos três dias sugeridos a ele na semana passada.

Dirceu poderia comparecer nesta terça-feira, nesta quarta-feira ou quinta-feira. A mesma tática de adiar o depoimento no conselho, cujas sessões são abertas, deverá ser seguida caso outros integrantes da cúpula do PT e do governo sejam chamados.

"Esta é uma semana de transição. Estou mudando de gabinete e de casa. Não vou nesta semana", disse Dirceu, que não quis prever quando dará o depoimento.

Na semana passada, Dirceu depôs a portas fechadas, por 40 minutos, na Comissão de Sindicância da Câmara, outra frente de investigação criada no âmbito da Corregedoria da Casa.

O presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), esperou durante toda está segunda-feira a confirmação do depoimento de Dirceu. Mas, à noite, admitiu que o ex-ministro não compareceria nesta semana. O conselho não tem poder de convocar depoimentos, mas apenas de convidar pessoas a prestar esclarecimentos.

Provas – Em outra frente para limitar as apurações do Conselho de Ética, o governo questiona a abrangência das atribuições dessa instância. Nesta segunda-feira, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), criticou a postura do conselho de tentar buscar provas que deveriam ser apresentadas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que é alvo do pedido de cassação por quebra de decoro parlamentar apresentado pelo PL. "Fui alertado por líderes e por deputados da base que (o conselho) está ficando um processo continuado", reclamou.

Chinaglia falou ainda em sobreposição dos trabalhos do conselho e da Corregedoria, com a comissão de sindicância. Uma questão de ordem encaminhada ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), pelo deputado Edmar Moreira (PP-MG), pretende formalizar a limitação dos trabalhos do conselho. O deputado argumenta que o conselho está "exorbitando seus poderes".

Meirelles – A estratégia do governo para tentar isolar a área econômica da crise política passará por um teste de fogo nesta quarta-feira, quando o presidente do BC (Banco Central), Henrique Meirelles, participa de audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara. Oficialmente, ele foi convocado para cumprir a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), que determina que o presidente do BC deve, periodicamente, prestar contas ao Congresso sobre o custo fiscal das operações da autoridade monetária.

Mas ele deve ser questionado também sobre denúncias de evasão de divisas, sonegação, lavagem de dinheiro e crime eleitoral que lhe renderam o inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal). Meirelles sabe que, dificilmente, passará pelo Congresso sem ter de se defender.

Por isso mesmo, decidiu não participar da assembléia-geral do BIS (Banco de Compensações Internacionais), na Suíça, nesta segunda-feira. De volta a Brasília, reuniu-se com os técnicos do BC para montar a apresentação na Câmara e, depois, com seus advogados para avaliar o andamento de sua defesa no inquérito no STF após o procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, ter pedido quebra de sigilo bancário, na semana passada.




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