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Polícia e MP procuram acusados de corrupçao em Guarulhos
Do Diário do Grande ABC
08/12/1999 | 22:23
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A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual (MPE) passaram o dia percorrendo endereços do vereador Wanderley Simone Figueiredo (PL) e dos funcionários da Câmara de Guarulhos Antonio Carlos Simoes, o Nenê, José Carlos Patrao e Luís Ponte. Eles escaparam, na terça-feira, de ter sido presos junto com os vereadores Waldomiro Ramos e Oswaldo Celeste (ambos do PTB) e Fausto Martello (PPB), acusados de concussao e corrupçao passiva.

Celeste, presidente da Câmara, e os colegas estao detidos no 13.º Distrito Policial, na Casa Verde, zona norte de Sao Paulo. Nesta quinta-feira os advogados dos vereadores começam a preparar um pedido de habeas-corpus dos clientes, que será encaminhado ao Tribunal de Justiça (TJ) do Estado.

Contratado por Martello, o advogado Cid Vieira de Souza Filho pretende reunir-se com advogados dos demais parlamentares - Romualdo Galvao Dias, Alberto Rollo, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira e Paulo Sérgio Leite Fernandes - para discutir uma açao conjunta. "Além de pedir o relaxamento da prisao preventiva, devo solicitar ao juiz-corregedor Maurício Lemos Porto Alves a transferência do meu cliente para outro distrito", disse.

De acordo com Souza, Martello, de 69 anos, é hipertenso e nesta quarta-feira pela manha chegou a receber atendimento médico no DP. "Como em todos os distritos, a situaçao deste aqui também é difícil", criticou o advogado. O delegado Carlos Biondi informou que Martello divide uma das cinco celas do distrito com outros 15 presos, em condiçoes semelhantes às de Ramos e Celeste. Segundo o delegado, o trio, que vestia terno e gravata quando foi detido, usava nesta quarta-feira bermudas e camisetas. Eles receberam a mesma refeiçao servida aos demais detentos - arroz, feijao e bife - e nao fizeram nenhum tipo de exigência especial.

Instruídos por seus advogados, os presos recusaram-se a dar entrevistas à imprensa. Martello recebeu a visita da filha, Renata, que é estudante de Direito. Assessores levaram colchonetes e um ventilador para o vereador, além de uma caixa com frutas. Assim como o 29.º Distrito (Vila Diva), onde está detido o ex-vereador Vicente Viscome, preso por acusaçao de envolvimento com a máfia dos fiscais, o DP da Casa Verde é uma prisao especial, destinada a pessoas com curso superior, ex-policiais e funcionários públicos. Nesta quarta-feira havia 80 presos no local.

A Câmara de Guarulhos, por sua vez, começa a se organizar para protestar contra a forma como foram efetuadas as prisoes dos vereadores. A operaçao, comandada por promotores do MPE, foi considerada "tortuosa" por parlamentares e por advogados da Casa.

Desrespeito -o primeiro-vice-presidente do Legislativo, Paulo Carvalho (PL), informou que nesta quarta-feira haverá uma reuniao para discutir formas de reagir contra a prisao dos parlamentares. Eles foram detidos em plena sessao da Câmara, o que parlamentares e advogados consideram um desrespeito ao Legislativo. Uma das propostas é fazer uma ata circunstanciada criticando a maneira como foram feitas as prisoes, que será enviada ao MPE. "Vamos discutir, também, os novos rumos da Câmara com esse acontecimento inusitado", disse o vereador, que deverá assumir, interinamente, a presidência da Casa.

A princípio, a Câmara nao pretende adotar nenhuma medida contra os vereadores. Carvalho, por exemplo, evitou caracterizar Figueiredo como fugitivo. Ele afirmou que o colega nao foi à sessao da Câmara na terça-feira porque comemorava seu aniversário de casamento nesse dia. "Acredito que ele se entregará à Justiça nesta quinta-feira, já que nao fugiu de nada", comentou. Segundo ele, os funcionários da Câmara também deverao fazer o mesmo.

Colega de partido de Figueiredo, Carvalho deixou no ar a possibilidade de haver puniçoes aos acusados ainda em liberdade só se eles nao se apresentarem à Justiça. "Aí poderemos começar a pensar de outra forma e vê-los como fugitivos." Nem a oposiçao confia numa puniçao da Câmara aos vereadores. A liderança do PT, por exemplo, nao acredita em quórum para um eventual pedido de cassaçao dos parlamentares.




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