Pressionada pela forte queda no número de protestos em Santo André (-14,27%) e São Bernardo (-8,66%), a inadimplência caiu 5,82% no Grande ABC em outubro na comparação com o mesmo mês de 2005. O resultado era esperado pelo comércio e tabelionatos, já que tradicionalmente o calote perde força nos últimos meses do ano em razão da proximidade das vendas de Natal.
“É um movimento típico desta época. As pessoas ficam mais preocupadas em quitar dívidas antigas, limpar o nome na praça e recuperar o crédito a fim de realizar compras a prazo”, explica a diretora executiva do Instituto de Estudos de Protesto de Títulos, Roberta de Arruda e Menezes. “O recuo não acontece só no volume de títulos protestados, mas também no total de documentos pagos antes da efetivação do protesto”, completa.
Outro fator apontado como responsável pela queda nos protestos no Grande ABC é a aproximação do 13º salário. Setembro e outubro foram picos de antecipação do salário extra pelos bancos. “O aumento da oferta de crédito e de linhas de financiamento, que inclui o adiantamento do 13º, contribui para que o trabalhador possa quitar dívidas”, argumenta Roberta.
No caminho inverso, a inadimplência nas demais cidades da região apresentou elevação no mês passado. Ribeirão Pires puxou esse crescimento (13,29%), seguido por Mauá (9,06%) e São Caetano (2,72%). Diadema não revela números sobre protestos e Rio Grande da Serra não possui cartório.
No entanto, o contraste de Santo André e São Bernardo com os outros municípios do Grande ABC não expressa, necessariamente, crescimento do calote, segundo Roberta Menezes. Ela justifica a evolução do número de protestos a maior utilização dos cartórios pela população. “Como estamos em tradicional período de queda de protestos de títulos, a razão para esse crescimento pode estar na popularização dos serviços de cartório.”
Emprego – A abertura de vagas temporárias no comércio também contribui para a queda da inadimplência na média do Grande ABC. Somente os quatro maiores shoppings locais geraram no mês passado 2,4 mil postos de trabalho, além dos quase 3 mil empregos criados no comércio de rua, segundo projeção das associações comerciais.
Aliada ao aumento da oferta de emprego neste período, a queda na inadimplência regional é atribuída também ao aumento da renda familiar – resultado do aumento do salário mínimo neste ano –, recuo da inflação e a redução das taxas de juros no varejo.Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.