O anúncio, por si só, já provocou mal-estar. O diretor de futebol do clube, Juvenal Juvêncio, tomou a palavra na cerimônia e fez críticas diretas ao jogador, que estava ao seu lado na hora da revelação. "O Ricardinho não deseja mais jogar no São Paulo. E ele, não desejando mais jogar no São Paulo, não pode jogar. Aqui vai jogar quem quer compor, quer unir, quer pôr a perna, quer pôr a canela, quer vestir a camisa. Vai jogar quem estiver emotivamente preparado. E ele (Ricardinho) não quer. Ele quer novos ares."
Ricardinho, por sua vez, tentou descaracterizar o evidente clima pesado da rescisão e adotou o discurso do profissionalismo. "Pesei os prós e os contras. O São Paulo tem uma Copa Libertadores, é verdade, mas achei que este era o momento de sair. Acho que vai ser melhor para os dois. Vou seguir minha carreira normalmente. O São Paulo é muito grande e vai continuar."
Clube e jogador afirmam que ficou "tudo certo" com a rescisão. O São Paulo tinha com o atleta uma dívida de pelo menos R$ 1 milhão – valor que teria sido quitado no acordo. O contrato inicial, de quatro anos, previa o pagamento de R$ 16 milhões ao atleta. Só em salários e luvas, ele recebia cerca de R$ 400 mil por mês.
Apesar das lamentações apresentadas por Juvêncio e pelo presidente Marcelo Portugal Gouvêa na despedida de Ricardinho, a saída do atleta aliviou o São Paulo em alguns aspectos. O mais evidente deles é financeiro, por causa dos altos vencimentos que o meia recebia mensalmente. Mas também é notório que o jogador não gozava de um entrosamento completo com os colegas. As contusões seguidas durante a passagem pelo São Paulo, o alto salário – o maior de todo o elenco – e a grande identificação com o rival Corinthians são alguns dos fatores que explicariam esse mal-estar.
Brilho ofuscado - Depois da bombástica rescisão com Ricardinho, quase não sobrou espaço para a apresentação dos reforços são-paulinos: o lateral-direito Cicinho (ex-Atlético Mineiro), os zagueiros Rodrigo (ex-Ponte Preta) e Fabão (ex-Goiás), o meia Vélber (ex-Paysandu) e o atacante Grafite (ex-Goiás), além do técnico Cuca (ex-Goiás). Só não apareceu na festa o meia Danilo (ex-Goiás), que perdeu o vôo para São Paulo e só pôde se apresentar à tarde.
Como Ricardinho era o assunto do dia, apesar do clima de festa, Cuca não se furtou de comentar a saída do meia. Ex-jogador dos arqui-rivais Grêmio e Internacional, Cuca afirmou que consegue "entender mais do que explicar" a decisão de Ricardinho. "O ideal é estar a gosto na equipe em que se está", observou.
No aspecto técnico, Cuca preferiu não fazer projeções sobre os eventuais prejuízos que a saída de Ricardinho vai provocar à equipe. O treinador lembrou as opções que tem para a posição – Danilo, Vélber e Souza – e ainda citou a possibilidade de o São Paulo acertar com Marquinhos (ex-Paraná Clube), que não será utilizado pelo Bayer Leverkusen na temporada.
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