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Austria acaba com poupança sob anonimato
Do Diário do Grande ABC
25/02/2000 | 15:15
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A Austria, submetida a pressoes internacionais crescentes, resolveu nesta sexta-feira abolir uma prática secular e única na Europa: as cadernetas de poupança com garantia de anonimato.

A partir de 1 de novembro do ano 2000 já nao será possível abrir poupança na Austria sem apresentar documento de identidade, anunciou nesta sexta-feira o novo ministro das Finanças, Karl Heinz Grasser, depois de uma reuniao com os banqueiros. A partir de 30 de junho do ano 2002, o anonimato será abolido, e já nao será possível retirar dinheiro das cadernetas de poupança sem comprovaçao de titularidade, acrescentou.

A Austria, onde estas contas somam 90% da poupança popular, nao conseguiu persuadir a Uniao Européia nem a um grupo de trabalho da OCDE, de que estas cadernetas nao sao usadas para a lavagem de dinheiro.

A Austria ``nao é uma república de banana que abre suas portas à lavagem de dinheiro', declarou Grasser, ao anunciar a apresentaçao de um projeto de lei até o mês de maio, o mais tardar, para evitar a exclusao do país do Grupo de açao financeira sobre a lavagem de capital (GAFI), que reúne 26 naçoes no seio da OCDE.

Grasser acrescentou que o governo garantirá o segredo bancário, que as entidades querem ver reforçado, para proteger seus clientes. Nao será dada informaçao sobre as contas, exceto em caso de mandato judicial.

Segundo o Banco Nacional da Austria, existem cerca de 24 milhoes de cadernetas anônimas de poupança no país; 85% delas nao têm saldo superior a 100 mil xelins (7.267 euros, aproximadamente a mesma quantia em dólares); 3,26 milhoes destas contas acolhem menos de 500 mil xelins (36.335 euros). Para a aplicaçao de investimentos superiores a estas cifras, os clientes escolhem outras modalidades disponíveis, segundo os bancos.

``A caderneta de poupança com garantia de anonimato existe na Austria desde 1819' e os aplicadores as manterao, mesmo depois da aboliçao do anonimato', declarou Christa Fritsch, chefe do departamento jurídico do terceiro banco austríaco, Die Erste. ``A metade dos titulares é formada de aposentados e a outra parte, por pequenos poupadores. Os austríacos temem aplicar dinheiro em outros investimentos, como a compra de açoes, por causa do risco', explicou Fritsch.

Ele admitiu, no entanto, que a caderneta de poupança com garantia de anonimato nao se ajusta ``à diretrizes da Comissao Européia e do GAFI, que pedem aos bancos que identifiquem os clientes para evitar a lavagem de dinheiro'.




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