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Cuba além do mar
Rita Camacho
Enviada a Cuba
11/08/2005 | 11:39
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A vista é paradisíaca, o clima é relaxante, mas, decididamente, trancar-se nos resorts de Varadero, principal balneário cubano e destino certo nos pacotes, não é a melhor maneira de mergulhar na cultura e cotidiano da ilha de Cuba. Varadero é Caribe, mas não é Cuba, como se poderá ouvir – à boca pequena – de qualquer funcionário dos hotéis. O turista que se permitir avançar pelas estradas da região de carro ou de moto vai conhecer a Cuba que pode estar com os dias contados. Desde a dissolução da União Soviética, que em boa parte sustentava a ilha, o sistema socialista capitaneado por Fidel Castro está em nítida derrocada. Os salários são irrisórios e, por isso, há uma disputa pelos empregos no turismo. Os vencimentos não são maiores, mas o setor propicia aos cubanos o que em espanhol chamam de propina (gorjeta). É a única maneira de aumentarem os rendimentos e se permitirem algum luxo, que nos padrões modestos da ilha pode ser até mesmo um sabonete a mais no mês.

As cidades de Cárdenas e Matanzas, nos arredores de Varadero e acessíveis por estradas em boas condições, podem ser o destino de quem preferir dividir o tempo entre o ócio nas areias brancas e uma incursão no cotidiano cubano.

Turista é um pote de ouro em Cuba. Por isso, não será difícil arrumar um guia informal, que se contentará com um almoço e alguns dólares. Os guias das agências do governo estão orientados a levar os viajantes a programas náuticos dentro de ônibus ou vans com ar-condicionado, sem contato com as cidades, cenários que expõem as chagas e algumas poucas vantagens do modo Fidel de governar.

Um cicerone em Cuba pode ser indicado por um garçom numa conversa discreta durante as refeições ou contratado na praia. Em geral, os guias se aproximam com cuidado para oferecer puros, como se referem aos famosos charutos produzidos no país. Com exceção dos funcionários, cubanos não podem entrar nos hotéis, nem mesmo na recepção. Ainda que vá guiar uma moto ou carro alugado por um turista no hotel, o nativo terá de assumir o comando do veículo na estrada. É humilhante. Mas o cubano estará mais preocupado em driblar a fiscalização. Por lei, ele não pode abordar turistas com intenções comerciais e a polícia tem presença ostensiva e maciça na ilha. Se for parado, dirá que é amigo dos turistas.

Embora os guias prefiram os europeus porque "têm bastante dinheiro", sentem-se mais à vontade em acompanhar os turistas latinos, sempre mais afetivos. Os brasileiros são tratados com muita simpatia e imediatamente relacionados "ao melhor Carnaval do mundo e às mulheres bonitas que usam biquínis pequenos".

Os cubanos assistem às nossas novelas e séries de temática rural ou de época – como A Casa das Sete Mulheres. Atualmente está em cartaz num dos quatro únicos canais locais – todos do governo – a novela Esplendor, exibida em dias alternados com um sofrível folhetim de produção local.

Pelo canal educativo pode-se aprender até mesmo português entre tantos outros idiomas. Mas só se der sorte encontrará um guia falando nosso idioma. A prioridade entre os que trabalham com o turismo é aprender inglês e italiano. Canadenses e italianos são maioria esmagadora entre os turistas. O cubano conhece poucas palavras em português e se comunica com os brasileiros em espanhol ou inglês. Nos hotéis em Cayo Largo, outro balneário, as agências de turismo européias organizam pacotes que incluem uma animadora italiana para os shows noturnos, que exibem balé cubano.

Mas o bom uso da TV se restringe ao canal educativo. No mais, a programação dos canais traz Fidel em ininterrupta campanha política. Sua imagem aparece em todos os intervalos dos programas, até porque não há publicidade. Os noticiários só transmitem boas notícias sobre Cuba e tragédias do mundo capitalista. Há também sonolentas mesas-redondas para apresentar, por exemplo, números "positivos" da economia cubana.

Os hotéis têm TV paga, mas não oferecem jornais impressos, nem mesmo os de Cuba, todos do governo, como o Granma e o Juventud Rebelde, que o turista só conseguirá comprar com sorte em Havana. Os exemplares se esgotam rapidamente.

Para não fazer feio
* Não deixe de levar: repelente de insetos, pois há muitos mosquitos principalmente nos balneários; pomadas para picadas e antialérgicos.

* Abasteça a mala com roupas leves e calçados confortáveis. Mesmo no inverno, a temperatura em Cuba nunca é menor que 25°C. Transpira-se o tempo todo.

* Um boné ou um chapéu também são itens indispensáveis.

* Faça um check list de sua bagagem. Além de algum artesanato, rum e charuto, não é fácil consumir em Cuba, pelo preço ou pela pouca oferta.

* Tenha sempre à mão moedas de dólar ou pesos conversíveis, pois a todo momento haverá necessidade de dar gorjeta, e o cubano espera por isso.

Moeda
Há duas moedas válidas em Cuba. Desde 8 de novembro do ano passado está proibida em Cuba a circulação comercial de dólar americano, por isso, o turista deve trocar dólares por pesos conversíveis. Um dólar compra 0,80 centavos de peso. O nativo usa peso cubano. Um peso conversível compra 23 pesos cubanos. Está aí também a vantagem de contratar um guia informal. Em pesos cubanos vai ficar muito mais barato, por exemplo, comprar uma garrafa de água na rua ou andar nos ônibus e nas lotações não oficiais, naqueles carros dos anos 50. Nos hotéis e comércio da ilha, também não são aceitos cartões de crédito ou traveler´s check emitidos por bancos ou outras entidades norte-americanas que controlam esse mercado, como os cartões com bandeira American Express ou mesmo um Visa emitido pelo Bank Boston.




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