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Guerra no Iraque cria problemas para Silvio Berlusconi
Da AFP
28/03/2003 | 16:45
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A guerra no Iraque causou nos últimos dias sérios problemas ao chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, aliado passivo de Washington num conflito rejeitado por seus compatriotas, e vem sendo motivo de uma grave divisão na União Européia, da qual a Itália assumirá a presidência a 1 de julho.

A chegada ao norte do Iraque de mil soldados americanos que partiram de uma base do norte da Itália, tomou de surpresa Berlusconi que teve que suportar as críticas da oposição e do presidente do país, Carlo Azeglio Ciampi.

Silvio Berlusconi foi acusado de não ter respeitado a Constituição do país e as decisões do conselho supremo de defesa, ao autorizar esta operação bélica que foi levada a cabo a partir de território italiano. O presidente Ciampi não ocultou sua desaprovação ao saber da notícia quinta-feira através da mídia, informaram fontes diplomáticas. Ciampi convocou Berlusconi na mesma noite para dar explicações.

O chefe do governo italiano afirmou ter recebido dos EUA a garantia de que as tropas da 173 brigada do exército de terra que saíram da Itália "não participariam em operações de guerra". No entanto, a oposição italiana afirmou que Berlusconi foi enganado porque o comando militar americano explicou depois que estas tropas tinham efetuado a primeira mobilização importante no norte do Iraque com a intenção de uma nova frente.

Além do mais, a constituição italiana "repudia a guerra como instrumento que prejudica a liberdade de outros povos e como meio de solução de conflitos internacionais". Ante a falta de acordo no conselho de segurança da ONU para autorizar a operação militar no Iraque levada a cabo pelos Estados Unidos e seus aliados, a Itália negou aos americanos a utilização de suas sete bases na península para realizar operações de guerra. A decisão foi dura para Berlusconi que se viu obrigado a negar este apoio tático ao seu "amigo", o presidente americano George W. Bush.

Ele transmitiu sua amargura aos seus colegas europeus durante a cúpula de chefes de estado e de governo realizada sexta-feira passada e acusou a França de ter feito da ONU uma organização "impotente", por causa da ameaça de Paris de recorrer ao seu direito de veto na crise iraquiana.

A estas declarações se seguiu uma violenta campanha antifrancesa em jornais e revistas das quais Berlusconi é proprietário, o que irritou o governo francês. Paris declarou oficialmente sua insatisfação e o embaixador da França na Itália, Loic Hennekinne, indagou publicamente qual "era o objetivo perseguido pelos dirigentes italianos, que atacam a França desta forma e pretendem isolá-la no seio da União Européia", disse.

A visita a Roma que o ministro francês das relações exteriores, Dominique de Villepin, pretende fazer na próxima terça-feira deverá servir para tranquilizar os ânimos.




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