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Ambientalista vê risco na duplicação da Rio-Santos

Obra em rodovia promete ser polêmica, porque há
possibilidade de desmatamento em áreas de preservação

14/11/2014 | 07:54
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Rafael Levi/DGABC


Uma das principais rodovias do Estado de São Paulo, e constantemente congestionada no verão, a SP-55, conhecida como Rio-Santos, será duplicada em dois trechos a partir de 2016. Contemplada no pacote de investimentos captados pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a rodovia que liga cidades do litoral norte paulista vai receber R$ 300 milhões em recursos.

A obra, no entanto, promete ser polêmica, porque há possibilidade de desmatamento em áreas de preservação ambiental. Os projetos ainda estão em desenvolvimento e devem ser finalizados até o fim de dezembro. O governo estadual prevê três lotes de obras, que devem ser concluídos em meados de 2017 com o objetivo de desafogar o trânsito. Um dos trechos fica entre as praias de Caraguatatuba e Ubatuba, onde os motoristas chegam a perder mais de duas horas no trânsito.

A rodovia, administrada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER), será duplicada entre os quilômetros 53,6 e 102, 3, com um investimento de R$ 82,8 milhões. O prazo para a finalização do projeto é de 18 meses.

Neste trecho, a média diária de veículos chegou a pouco mais de 10 mil em 2013. Durante o verão, o volume dobra, de acordo com o DER. Morador de São Paulo, o engenheiro Jorge Duarte, de 32 anos, já levou seis horas para percorrer o trajeto entre Caraguatatuba e Ubatuba. "Ir a Ubatuba no fim de ano é uma experiência de paciência. Duplicar esse trecho com certeza vai me fazer ir mais à praia durante o verão", disse.

Entre Bertioga e Santos, na Baixada Santista, serão duplicados 36,8 quilômetros, orçados em R$ 62,6 milhões. A ampliação da pista deve ser concluída em 15 meses. No trecho seguinte, entre Bertioga e São Sebastião, haverá recapeamento da pista do km 102,3 ao km 211,5, que custará R$ 95,3 milhões, com prazo de um ano e meio para a conclusão. A região tem pista simples e também é um dos gargalos para chegar às praias do litoral norte.

Moradora de Bertioga, a administradora Cintia Carina Lara, de 34 anos, trabalha em Riviera de São Lourenço. Fora da alta temporada, ela faz o percurso de carro entre os dois balneários em 15 minutos, mas no verão abandona o automóvel e tira a bicicleta da garagem. "Chega dezembro e fica impossível ir de carro. Essa pista simples prejudica muito a região. Prefiro ir de bicicleta a ficar presa no congestionamento."

Desmatamento

Um dos impactos dos futuros trechos duplicados da Rio-Santos deve ser o desmatamento da Mata Atlântica. O litoral paulista concentra uma das maiores reservas do bioma no País. Durante a construção da Rodovia Tamoios (SP-099), por exemplo, que serve como alternativa à Rio-Santos, foram desmatados mais de 370 mil metros quadrados de mata - área equivalente à dos Parques da Independência e da Aclimação, ambos na zona sul da capital, juntos.

A diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota, vê riscos de prejuízos para a floresta. "O litoral tem a joia da Mata Atlântica, com uma área totalmente conservada. Uma intervenção naquela região pode causar impactos à fauna e à flora do bioma", explicou. "Precisa haver uma grande discussão nesses projetos para que não haja a destruição do restante do nosso patrimônio ambiental."

Segundo o governo, um estudo técnico foi contratado para calcular o impacto ambiental das obras e possíveis alterações nos projetos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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