Economia Titulo Estudo
77% moram e trabalham na região

Estudo aponta, ainda, que 56,5% dos empregados batem cartão em companhias situadas nos mesmos municípios em que moram

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
13/11/2014 | 07:23
Compartilhar notícia
Celso Luiz/DGABC


O vigilante Ademir Martins Queiros, 55 anos, mora em Santo André e trabalha em São Caetano. Ele integra os 77,3% dos moradores que labutam e residem no Grande ABC. O dado é de 2013, conforme o estudo Mercado de trabalho e mobilidade do trabalhador, da Fundação Seade em parceria com o Dieese. Em relação a 2004, houve recuo de 0,8 ponto percentual, o que, segundo o técnico da Seade e coordenador da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), Alexandre Loloian, “é visto como estabilidade e mostra como a economia da região é madura”.

Todos os dias, Queiros caminha da Avenida Atlântico, em Santo André, por cerca de 25 minutos, até a estação de trem Celso Daniel, no Centro do seu município. Depois, segue por mais 15 minutos, dentro do transporte férreo, para São Caetano. Ele pertence, especificamente, aos 20,8% dos trabalhadores que atuam em cidades distintas às que moram, porém, dentro da região. Mas gostaria de ter mais qualidade de vida se pudesse evitar os problemas da mobilidade urbana, como a superlotação do trem, e entrar na lista dos 56,5% dos empregados ocupados no Grande ABC que batem o cartão em companhias situadas nos mesmos municípios em que moram.

Apesar do desejo do vigilante, que segundo Loloian provavelmente é o de todos os trabalhadores, Queiroz se sente muito bem com a situação atual em que vive. “Eu já trabalhei em Taboão da Serra. O tempo que levo hoje (40 minutos) não é nada. Para ir para lá levava entre duas horas e meia e três horas. Foram quatro anos fazendo isso (entre cinco e seis horas por dia apenas se locomovendo de casa ao trabalho).”

Para Loloian, é nítido que a “economia madura” da região tem, cada vez mais, ampliado a capacidade de reter as pessoas que ingressam no mercado de trabalho das sete cidades, como é o caso de Queiros, apesar da crise econômica que eclodiu em 2008 mas, até hoje, deixa reflexos na economia do País. Isso porque a PEA (População Economicamente Ativa), grupo de pessoas que se declara empregado ou em busca de um trabalho tem crescido, entre 2004 e 2013, 0,8% em média por ano. Passou de 1,11 milhão para 1,25 milhão de pessoas.

Loloian acrescentou que não há muito espaço para que o mercado de trabalho do Grande ABC, que já está consistente, se desenvolva, até mesmo por não haver muitos terrenos disponíveis para a instalação ou ampliação de empresas. “Temos que considerar que o Grande ABC é uma região de pouca frente de expansão, exatamente o contrário das áreas mais periféricas da Região Metropolitana.”


Mais que estabilidade, há qualificação

Apesar de os números da pesquisa Mercado de trabalho e mobilidade do trabalhador sinalizarem a estabilidade no potencial da região em reter os trabalhadores residentes nos sete municípios, ainda há vazão significativa para a Capital, que, para o gestor do Inpes/USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano), Leandro Prearo, pode ser explicada pela falta de demanda do Grande ABC por profissionais mais bem qualificados.

“Eu acho que grande parte deste público que sai da região tem qualificação e vai buscar ocupação em outro lugar”, avaliou Prearo.

Segundo dados da Pesquisa Socioeconômica do Inpes/USCS, 23,4% da população da região que trabalha nas sete cidades possui Ensino Superior completo.

Por outro lado, informações da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) apontam que as empresas instaladas nas sete cidades demandam apenas 18% de trabalhadores com Ensino Superior completo. “Existe diferença de seis pontos. Minha hipótese é que esses profissionais estão indo para fora da região porque não encontram vagas aqui. E isso significa que estamos perdendo mão de obra qualificada.”  




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;