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Eles foram, mas ficaram!
Marcela Munhoz
Do Diário do Grande ABC
26/07/2009 | 07:19
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Alguns fazem sua passagem pela Terra e deixam mais do que uma simples história. Realizam um grande feito, mudam o comportamento da sociedade ou ainda emocionam multidões. Brilham tanto durante a vida que continuam conquistando fãs que nascem mesmo após sua morte.

Chaplin, Elvis, Beatles, Kurt Cobain, Bob Marley, Mamonas Assassinas, Raul Seixas, Elis Regina, Renato Russo, Cazuza... e agora Michael Jackson são alguns dos muitos artistas idolatrados até hoje. Mas, o que eles têm de tão especial?

 Esses ídolos são mais do que artistas, segundo a psicóloga Giovana Tessaro. Viraram mitos, e os mitos despertam atenção e paixão. O mito tem a ver não só com aquilo que o artista é, mas o que representa e desperta na imaginação. É um ideal do que o fã gostaria de ser ou ter. "Os adolescentes querem sentir as mesmas emoções vividas pelos pais, tios e avós na juventude deles", explica.

Sem estar lá - Renata Pedroti, 16 anos, de Santo André, acredita que a década de 1960 foi maravilhosa. "Daria tudo para ter vivido naquela época só para ir a um show dos Beatles", confessa. Quando a menina nasceu, em 1993, a banda inglesa de maior sucesso e influência do século 20 já tinha se separado havia 23 anos e fazia 13 que John Lennon tinha sido assassinado.

A garota diz que não sabe responder por que os Beatles são tão especiais, além de excelentes músicos. "Tenho uma sensação boa quando escuto as composições; me acalmam e me deixam feliz. Apesar de antigas, falam de coisas de hoje."

Renata, que adora Let it Be e Hey Jude, começou a curtir o quarteto na infância. Reuniu coletânea de LPs e vasculha na web as informações sobre John, Paul, George e Ringo. "Há vários fã-clubes e sites. Entro no www.beatlestube.net, que só tem vídeos da banda."

Apesar de os amigos acharem Beatles "coisa de velho", ela defende os ídolos. "Hoje tem muita gente talentosa, mas não dá para dizer que Jonas Brothers e McFly são os novos Beatles. Não dá para comparar."

Época errada?
Por amar tanto certos ídolos e não se interessar por nenhum da atualidade, muita gente se sente deslocada, como se tivesse nascido em outra época. "Tem adolescente que se identifica com os ideais da Jovem Guarda, por exemplo. Há uma ligação que não tem explicação", diz o psicólogo comportamental Florival Scheroki.

Esse é o caso de Caio Duarte, 13, de Santo André, que diz que adoraria ter nascido nas décadas de 1950, 1960. Ele curte Elvis, Beatles, Sinatra, Bob Dilan e passaria horas assistindo aos filmes de Marlon Brando e Chaplin. "Peguei o gosto com meus avós, que me contam o que gostavam de fazer. Era época boa, sem violência."

Para Caio, o legal de o material antigo estar na internet é que facilita o acesso dos fãs jovens. "Vou ensinar essa cultura aos meus filhos. É importante que conheçam."

Vira herança de família
Mais do que admiração e identificação que alguns têm por ídolos do passado, essa paixão pode ser herança de família. Assim como os valores transmitidos de geração em geração, em alguns casos, os ídolos acabam vindo no pacote. "É uma transmissão cultural. Muitos já nascem em contato com músicas e filmes de quem os pais cultuam", explica o psicólogo Florival Scheroki.

No caso de Beatriz Leonel da Silveira, 14 anos, de Santo André, foi a avó que transformou a garota em Elvismaníaca. "Ela não teve oportunidade de ir a um show do Elvis, mas queria agarrá-lo quando viu seu filme no cinema. Minha avó ficou doente, de cama, quando ele morreu", conta a garota que, até os 12 anos, não entendia esse fascínio. "Eu não gostava nem ouvia nada dele."

Tudo mudou quando foi forçada a ir com a avó assistir a um show de Ronnie, o cover do Elvis. "Foi paixão à primeira vista. Deixei até de gostar de samba." Beatriz, que nasceu 19 anos depois da morte do Elvis, diz que ficou fascinada com as músicas, a voz e as coreografias. "É um conjunto maravilhoso. Ele era perfeito."

Em dois anos, reuniu muito material, até roupas, e aprendeu a cantar e a tocar as músicas dele no teclado e violão. "Amo a canção You Gave me a Mountain", diz. Beatriz acredita que se estivesse vivo, todos iriam se apaixonar por Elvis.

Fãs de luto por Michael
Acompanhar a morte do ídolo é um dos maiores baques para o fã. "Isso pode variar de uma pequena tristeza até o agravamento de uma doença, dependendo do quanto o ídolo fazia parte da vida do fã", explica a psicóloga Giovana Tessaro.

Michelle Galindo, 16 anos, de São Paulo, iria realizar seu sonho no início de 2010. Presidente do site www.mjacksonart.com, ela pagou R$ 300 pelo ingresso para ver Michael Jackson, nos Estados Unidos. "Meu mundo caiu quando ele morreu. Não quero o dinheiro de volta. Esse ingresso é uma relíquia."

A garota afirma que Michael era diferenciado, inovou em tudo, por isso, tinha tantos fãs. Acredita que, apesar de todos os escândalos, ele sempre tentou ser feliz. "Muitos se aproveitaram da inocência dele." É o que também pensa o fã e imitador do astro Ian Luz, 15 anos, de São Paulo. "Michael não era só exemplo de qualidade musical, como também de pessoa. Era o artista que mais fazia doações."

Na opinião de Ian, a exposição da morte do ídolo na mídia foi exagerada. "É hipocrisia de quem o elogia agora exaltar suas qualidades se até 24 de junho (um dia antes da morte) o considerava uma piada."

Por outro lado, Ian vê como positivo o fato de muitos adolescentes e crianças terem descoberto suas músicas e passos em função disso. Wallace Walker Gonzales, 9 anos, de Pindamonhangaba, é o cover mais novo no Brasil, conhecido como Pepe Jackson. "Meu sonho era ter conhecido ele. Agora vou continuar dançando para fazer uma homenagem", diz ele, que imita Michael e seu moonwalker desde os 3 anos.




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