Política Titulo Sucessão
Indicação de vice não vira bom negócio

De seis experiências com apoio do prefeito após a eleição de 1989, nenhum caso houve sucesso

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
18/12/2011 | 07:05
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A indicação do vice, no Grande ABC, para o processo sucessório tem sido incomum com o apoio do chefe do Executivo. O insucesso nas urnas pode ser um dos indícios para a postura, porque a história recente mostra que o número 2 da prefeitura que disputa a sucessão não leva. De seis experiências, que contaram com o aval do prefeito após 1989, em nenhum caso houve êxito.

O primeiro tiro que não encontrou o alvo certo foi em Santo André na primeira eleição após a redemocratização do País. O prefeito Newton Brandão indicou o parceiro de chapa José Antonio Amazonas, ambos à época no PTB. No entanto, o então biprefeito não conseguiu transferir votos.

Na sequência, em 1992, vieram dois tropeços nas principais cidades da região: Santo André e São Bernardo. Celso Daniel (PT) e Maurício Soares (PT), respectivamente, não tiveram sorte. Apesar de Celso ter apoiado na prévia petista o pré-candidato Antonio Carlos Granado, que ficou pelo caminho, o vice José Cicote (PT) passou no processo partidário, ganhou apoio posterior, mas não avançou na eleição. Já no município vizinho, Djalma Bom (PT) tentou, se desincompatibilizou do cargo para ser o candidato e saiu derrotado.

Em 1996, um exemplo emblemático de que a indicação não acarretou, até hoje, bons fluidos. Então prefeito de Mauá, José Carlos Grecco indicou o vice Leonel Damo, à época no PSDB. Mesmo tendo passado pela principal cadeira do Paço na gestão 1983-1988, Damo perdeu para o vereador Oswaldo Dias (PT), que concorria pela primeira vez a um cargo majoritário.

Outro caso curioso em Mauá ocorreu justamente após o fim do mandato duplo do petista, em 2004. Na sucessão, indicou, sem sucesso, Márcio Chaves. Episódio semelhante ao de Ribeirão Pires. No mesmo ano, a prefeita Maria Inês Soares (PT) buscou compor com Jair Diniz. Resultado: ficou em terceiro, atrás de Clóvis Volpi (PV) e Valdírio Prisco, na ocasião no PMDB.

O cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Rui Tavares Maluf, analisa que a figura do vice de expectativa, geralmente, se coloca numa condição de acomodação. Segundo ele, combinação de fatores é preponderante para o resultado, muitas vezes, negativo nas urnas. "O prefeito pode até ter poder de voto, porém não significa que pode intervir no potencial do sucessor, principalmente se ele não tiver um destaque palpável na administração e não fizer ampla coligação."

Coincidência ou não, nas eleições de 2008, a falta de adesão dos mandatários para eleger seus vices foi nítida. Nenhum vice recebeu a benção do cabeça de chapa. Para 2012, a perspectiva não é diferente. Caso o cenário seja mantido, só em Ribeirão Pires vai haver a indicação do vice pelo prefeito. Volpi anunciou que vai indicar o parceiro Edinaldo de Menezes, o Dedé (PPS), na sucessão. 

Exceções marcam situações inusitadas no Grande ABC 

Em dois casos excepcionais na região, os vices alcançaram êxito, mas de maneiras inusitadas. João Avamileno (PT), em Santo André e William Dib, na ocasião no PSB, em São Bernardo, foram alçados à Prefeitura e depois se reelegeram. O petista herdou a cadeira após a morte do prefeito Celso Daniel (PT), em 2002.

Dib, por sua vez, assumiu a Prefeitura de São Bernardo em 2003, após renúncia do titular do Paço, Maurício Soares, à época no PSB. O então prefeito justificou licença por motivos de saúde, porém, nos bastidores, a saída de cena foi encarada como acordo político. Três anos depois, Dib, que estava sendo preparado internamente, foi reeleito no primeiro turno, com 76% dos votos válidos.

Contabilizando outros fatos insólitos, a região foi palco ainda de episódio duplo em 1996, quando os prefeitos Newton Brandão, de Santo André, e Walter Demarchi, de São Bernardo, apoiaram nomes distintos mesmo os vices entrando no páreo. Brandão preferiu dar apoio ao ex-deputado federal Duílio Pisaneschi em detrimento do parceiro de chapa, José de Araújo (PMDB). Enquanto Demarchi subiu no palanque do correligionário Waldir Cartola, contra o vice Tito Costa (à época no PFL, hoje DEM).

O caso de maior notoriedade aconteceu em Diadema. O ex-prefeito Gilson Menezes venceu a eleição de 1996 ao lado de Regina Gonçalves (PV). Em contrapartida, uma briga de egos eclodiu em rompimento na chapa. Prefeito e vice saíram em campos opostos em 2000. Resultado: ambos foram derrotados por José de Filippi Júnior (PT).




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