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Pavin culpa burocracia ao justificar deficit no Semasa
Havolene Valinhos
Do Diário do Grande ABC
29/01/2011 | 07:25
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O superintendente do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), Ângelo Pavin (PTB), justificou o deficit orçamentário de 2010 da autarquia, no montante de R$ 26 milhões, como acidente de percurso. A empresa teve R$ 257 milhões à disposição no ano passado. Como justificativa pela incômoda situação econômica, o petebista culpou a burocracia de instituições financeiras, como a Caixa Econômica Federal e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Pavin citou alguns investimentos da empresa que explicam o buraco nas contas. Em 2008, por exemplo, para que obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não parassem pela lentidão na liberação de recursos pela Caixa, a gestão de João Avamileno (PT) colocou recursos próprios do Semasa no programa e o governo Aidan Ravin (PTB) continuou na mesma linha.

Embora a cidade tivesse obrigação de contribuir com 10% dos contratos que somavam cerca de R$ 3 milhões, o Semasa investiu R$ 31,6 milhões. Porém, segundo balanço apresentado por Pavin, somente R$ 9,1 milhões foram devolvidos pelo governo federal até o momento. O Semasa ainda espera receber R$ 22,5 milhões do PAC. E há outros R$ 3 milhões pagos ao BNDES que deverão ser ressarcidos.

Outros exemplos apontados pelo superintendente são duas obras emergenciais. No caso da primeira, no valor de R$ 15 milhões, gastos com intervenções de contenção do Rio Tamanduateí em 2009, deverá haver reembolsso pelo Daee (Departamento de Água e Energia Elétrica). "O prefeito Aidan e o secretário Nilson Bonome (de Saúde, Gabinete e Finanças) estiveram quinta-feira com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e acertaram a devolução do valor."

A segunda obra diz respeito ao sistema de contenção no córrego Guaixaia, de R$ 1,7 milhão, realizada com recursos próprios.

Pavin chamou a atenção também para gastos mensais desde que o aterro sanitário do município foi interditado, há oito meses. De lá para cá, o Semasa pagou a três aterros particulares, um em Mauá e dois na Capital, R$ 16 milhões. "Recebemos esse aterro saturado. Só a porta não estava fechada."

O chefe da autarquia pondera que a preocupação é que a reabertura do aterro não aconteça tão rapidamente e o débito vá aumentando. "Licenciamento é uma coisa demorada."

 

Contas deixaram superintendente na berlinda

 

O fechamento das contas do Semasa no vermelho traz à tona outro viés: os comentários nos bastidores de que o superintendente Ângelo Pavin (PTB) poderia deixar o governo Aidan Ravin e um dos motivos seria exatamente esse.

Aventa-se de que na volta de suas férias o ex-secretário de Saúde - Pasta que agora está nas mãos de Nilson Bonome - Arnaldo Augusto Pereira e chefe da Pasta de Orçamento e Planejamento, assumiria também o comando do Semasa. Antes de entrar em férias em meados deste mês, Arnaldo não descartou possibilidade de assumir a autarquia, mas pontuou que isso dependeria de reunião com grupo governista.

Mas Pavin negou que tenha tido qualquer sinal ou conversa com o chefe do Executivo sobre o assunto. "Aidan é meu comandante político. Se ele pedir para eu sair do Semasa saio, mas até agora é tudo especulação."

Para evitar mais desgaste político, Pavin reiterou e aproveitou para jogar parte da responsabilidade pelo deficit orçamentário para a administração petista de João Avamileno. "Adiantamos os recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) até onde percebemos que não havia mais condições. Tudo porque o PT em 2008 fazia isso e resolvemos manter."

Questionado se pensa em sair candidato a cargo eletivo, Pavin desconversou. "O prefeito é meu guia. Caso ele fale para concorrer eu disputo, mas não sou candidato a nada."

A mesma linha adotou para possível troca de partido. Indagado se teria interesse em migrar para o PMDB, o petebista lembrou dos amigos. "É um ótimo partido. Tenho muitos amigos lá. Mas só poderia mudar se meu comandante Aidan (Ravin) dissesse para eu pensar com carinho nessa proposta."

O chefe do Semasa não economizou elogios ao comandante do Paço. "A única coisa que não faço se ele pedir é pular da ponte", comentou rindo.




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