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Periferia vê surgir casas de classe média em núcleos habitacionais
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
28/07/2008 | 07:10
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A classe média está invadindo a periferia. Moradores dos núcleos habitacionais do Grande ABC tiveram incremento de renda nos últimos anos e investiram no bem-estar da família sem mudar de bairro.

Ao percorrer bairros periféricos da região, percebe-se, em meio à precariedade de condição de vida, casas bem estruturadas e cuidadas com zelo que fariam inveja a qualquer morador da chamada classe média.

O fenômeno pode ser explicado por alguns indicadores econômicos. Segundo o Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), entre abril de 2007 e abril deste ano, os 10% da população mais pobre da Região Metropolitana tiveram aumento de 18,01% na renda.

A pesquisa Observador Brasil 2008, encomendada pela financeira Cetelem ao Instituto de Pesquisa Ipsos, apontou que entre 2006 e 2007, quase 20 milhões de pessoas do País migraram das classes E e D para a classe C.

Para o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) esse cenário se deve basicamente aos aumentos significativamente acima da média alcançados pelos níveis mais baixos de renda do trabalho. E isso afetou a periferia.

O sobrado do metalúrgico aposentado José Rubens de Caldas Neto, 62 anos, se destaca no meio do Jardim Belita, em São Bernardo. Parece que é a estrela que mais brilha em meio aos demais imóveis que circundam o núcleo habitacional.

O visitante já se impressiona na entrada. O cartão de visita, uma fachada de dois andares, é toda feita em massa texturizada vermelha. O portão não é um qualquer: o equipamento é automático e pintado em preto cromado.

Em dezembro do ano passado, o cenário era bem diferente. Paredes com mofo e descascadas marcavam o ambiente. Neto comprou a residência por R$ 48 mil e fez ampla reforma, gastando aproximadamente R$ 30 mil. Recusou, nas últimas semanas, três ofertas de compradores que desejavam pagar R$ 110 mil.

"Me sinto em uma mansão. Não saímos daqui de jeito nenhum. Não importa o preconceito dos outros em falar que é ruim morar aqui. Vivemos muito bem no bairro", assegurou o aposentado, que hoje faz bicos como vigilante em uma transportadora que fica há dez minutos de casa.

Neto mora com a mulher, Adenir, 59 anos, e o filho Fábio, 28. Eles poderiam morar em outro bairro, mas não vão.




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