Economia Titulo
Serviço gratuito em celular gera conta de R$ 11 mil
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
05/02/2011 | 07:50
Compartilhar notícia


 

As promoções de fim de ano das operadoras de telefonia celular, com planos com redução de tarifas ou isenção de preços, são sempre chamarizes para clientes trocarem de operadora. No entanto, o que deveria resultar em economia mostra-se, muitas vezes, uma grande roubada.

Foi o que aconteceu com o andreense Leandro Ferreira Silva, que migrou de operadora para poder navegar à vontade pelo smartphone em dezembro. Pouco mais de 20 dias de uso do aparelho, veio a surpresa: a conta foi calculada em R$ 11.140.

Quando ligou para a operadora para reclamar do preço levou novo susto: a fatura seguinte, que cobraria o mês integralmente, já estava fechada em R$ 25 mil. "Fiquei quatro horas no telefone para pedir a contestação, fiz vários protocolos e disseram que seria preciso pagar a conta para depois contestá-la", explica Silva, que só conseguiu abater a fatura após denúncia do Diário junto a operadora.

A fatura ficou em apenas R$ 15. "Eles disseram que vão rever também o valor da próxima conta", comemora o andreense.

Em nota, a TIM justifica que para aproveitar a promoção era preciso cadastrar o aparelho pelo próprio produto e aguardar até 72 horas antes de usar o serviço. E que essa informação consta em contrato e material de divulgação. Confirma, no entanto, que outros clientes já manifestaram dúvida. "Comprei o aparelho em loja própria e não recebi qualquer orientação sobre isso", comenta o cliente.

O especialista em Direito do Consumidor, Arthur Rollo, revela que problemas com débitos indevidos têm aumentado nos últimos anos. No caso de Silva, o advogado acredita ter havido "desinformação" por parte dos serviços da empresa. "O complicado é que se o consumidor pode ter o nome colocado nos órgãos de proteção ao crédito se não pagar. Por isso, o certo é entrar na Justiça e pedir a sustação do débito. Além disso, pode pedir até dano moral pelo ocorrido."

Para se ter ideia da escalada de reclamações, o ranking da Anatel (Agência Nacional de Telefonia) de dezembro de 2009 mostra que foram feitas 19.605 solicitações sobre cobranças indevidas; já no fim do ano passado, o número pulou para 28.276.

A agência orienta clientes a ler o contrato e prestar atenção nas entrelinhas da proposta, como horários da tarifa e validade da promoção. Quem tiver dificuldade de atendimento deve procurar o órgão. Nestes casos, a empresa tem prazo de cinco dias para resolver o problema ou é multada.

Empresas também enfrentam problemas

O péssimo serviço prestado pelas operadoras de telefonia são os mais reclamados no Procon. No entanto, não são apenas pessoas físicas que sofrem com o descaso das operadoras e o pior é que, no caso das empresas, o único recurso é a Justiça. Foi o que aconteceu com uma firma do ramo de peças e revestimentos localizada na Avenida Papa João XXIII, em Mauá, que ficou sete dias sem acesso ao telefone ou internet.

Os dez números disponíveis davam sinal normal de chamada para quem ligava, no entanto, não tocavam para os funcionários.

A pane aconteceu no dia 27 e, desde então, funcionários da Telefônica foram até a empresa em várias ocasiões e alegaram que o problema estava em uma caixa, porém nunca explicaram qual era a função de tal equipamento e onde ele estava instalado. Depois de muita reclamação e sem nenhum aviso, os serviços voltaram a funcionar normalmente ontem.

Com o transtorno, a empresa teve faturamento 20% menor do que o previsto, já que as notas fiscais são emitidas eletronicamente. Apesar de colocar anúncio no site sobre o problema, muitos clientes foram ver de perto se a indústria não havia falido.

"Imagino que não tenha sido pouco o prejuízo. Além do faturamento, tenho que verificar quantas pessoas nos procuraram, mas acabaram desviando os pedidos por não conseguir entrar em contato conosco", diz Thais Dozzi Tezza, dona da empresa. Ela já contratou um advogado e pretende processar a Telefônica.

Outra fábrica na mesma avenida também ficou uma semana sem telefone e internet. O gerente Élcio Demarchi conta que a operadora teve dificuldade para contornar o problema. "Cheguei a ligar mais de 15 vezes para a Telefônica."

Por meio de nota, a Telefônica informou que, após ajustes técnicos, as linhas da empresa de peças e revestimento estão funcionando normalmente. Ainda disse que "a empresa terá crédito, em conta futura, correspondente ao período em que o serviço apresentou problemas".  Por Marília Tiveron




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;