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Reali dá a última cartada contra greve
Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
07/04/2011 | 07:39
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O prefeito de Diadema, Mário Reali (PT), tenta sua última cartada para reverter a tendência de greve geral no funcionalismo. Em reunião com o Sindema (Sindicato dos Servidores Públicos de Diadema) durante a manhã de ontem, a administração não apresentou proposta concreta, mas prometeu entregar hoje uma carta com cronogramas e compromissos das datas de discussão dos 15 itens da pauta de reivindicação, entre eles o reajuste de 11%.

Mesmo com investida do núcleo duro do prefeito - secretários de Finanças, Adelaide Maia Moraes, de Assuntos Jurídicos, Airton Germando, de Gestão de Pessoas, João Garavelo, de Planejamento e Gestão Pública, Maria de Fátima Queiroz, e chefe de gabinete, Osvaldo Misso -, o Sindema mantém para hoje, às 18h30, a assembleia para avaliar o inicío da greve geral. "Tudo vai depender do que eles nos apresentarem. De qualquer forma, continuamos nas ruas com foco na paralisação e pedindo apoio popular", explicou a presidente do sindicato, Jandyra Uehara Alves.

A Prefeitura contrariou o discurso do sindicato e disse que propôs a criação de um grupo de trabalho composto por sindicalistas e integrantes do Executivo. Esse coletivo teria prazo de 90 dias para chegar a um acordo sobre os pedidos da categoria, levando-se em conta as limitações de Diadema. A situação financeira - em 2009 e 2010 ocorreram sequestros de precatórios de cerca de R$ 40 milhões - para justificar o oferecimento de 0% de reajuste desde o dia 23 foi reforçada. A administração disse ainda que alguns itens da pauta estão em negociação e confirmou o compromisso de enviar uma contraproposta para cada uma das reivindicações.

Apesar de dizer que mantém mesa permanente de diálogo com a categoria, Misso declarou ao Diário no dia 23 que nenhum dos itens em discussão teria possibilidade de ser colocado em prática. O secretário argumentou que o crescimento da folha salarial poderia prejudicar o pagamento de empresas fornecedoras e até prejudicar a prestação de contas de Reali por conta da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), que recomenda gastos de até 54% com pessoal.

Além do reajuste salarial, a criação de um plano de carreiras e cargos é vista como prioridade. O documento estaria pronto e engavetado pela administração, de acordo com o Sindema.

 

Categoria está preparada para iniciar paralisação

 

Desde as negativas da Prefeitura de Diadema para os 15 pedidos da categoria, o Sindema (Sindicato dos Servidores Públicos de Diadema) deu início à preparação do funcionalismo e da população para começar uma greve geral e pressionar o prefeito Mário Reali (PT).

Ao longo desses 16 dias de movimentação da categoria foram organizados oito atos de paralisações. Em média, os serviços ficaram suspensos por uma hora e meia, por dia, e não chegaram a atingir 100% de adesão - portanto, a população não foi prejudicada. UBSs (Unidades Básicas de Saúde), Central de Atendimento, Obras e Transporte foram os setores atingidos pelos atos.

Passada essa fase, desde a semana passada, o Sindema está nas ruas solicitando apoio da população. Os servidores distribuem informativos com os pedidos da categoria ao Executivo e explicações das condições de trabalho. Além da comunidade, todos os setores da máquina pública foram visitados pelo sindicato com objetivo de também garantir apoio.

Nos dois primeiros anos da administração de Mário Reali, o funcionalismo conseguiu a reposição salarial nos índices da inflação (soman 12,3%). Em 2010, o cenário foi bem semelhante ao deste ano. A campanha salarial começou com a Prefeitura negando o reajuste até que a categoria promoveu uma greve de 24 horas e Reali abriu os cofres ao funcionalismo.

Nessas ocasiões, a situação financeira do Executivo era ainda pior, pois os sequestros de receita via precatórios em torno de R$ 40 milhões tinham acabado de ocorrer. À época, os servidores foram colocados em primeiro plano e o pagamento de fornecedores ficou atrasado em sete meses.




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