Economia Titulo Veículos
Venda de carro zero recua na quinzena

Em relação ao mesmo período de 2010, comercialização de veículo novo teve queda de 10%

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
17/12/2011 | 07:06
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O aumento das exigências dos bancos para aprovação da compra dos carros zero-quilômetro financiados colaborou para que as vendas do setor automotivo recuassem, no início de dezembro, apontam os especialistas.

Na primeira metade deste mês frente ao mesmo período de 2010, a queda foi de 10%, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores. Já na comparação com os 15 dias iniciais de novembro deste ano, a retração foi 1,27%.

O presidente do Sindicato das Concessionárias e Distribuidoras de Veículos no Estado de São Paulo, Octávio Vallejo, o aumento da inadimplência gera mais seletividade das instituições financeiras, que também elevam os juros.

E o número de consumidores que não conseguem honrar suas dívidas continua subindo. Segundo o consultor Ayrton Fontes, no setor automotivo, depois de chegar a 4,7% em outubro, o indicador de atrasos no pagamento foi a 4,8%. Com isso, os juros na ponta, ao consumidor, também estão subindo, apesar do movimento de reduções seguidas da Selic (a taxa básica que serve de cálculo para as outras taxas no Brasil) pelo Banco Central desde o segundo semestre.Dados do BC mostram isso. Em outubro, a média dos juros praticada para financiamento de veículos estava em 2,11% ao mês, e em dezembro, foi a 2,26%. Em outubro de 2010, era em 1,78%.

Há a ressalva de que bancos de montadoras procuram manter taxas atrativas. O diretor de rede de revendas da marca Chevrolet na região, Márcio Roberto João, cita que, nesse caso, os juros até caíram, mas a análise de crédito, de forma geral, é muito mais rigorosa. A gerente de revenda Volkswagen em São Bernardo Edneia Vedovatto cita que agora se exige 20% de entrada e prazo máximo de 60 meses. "Sem entrada é quase impossível aprovar", afirma.

A dificuldade maior na aprovação do financiamento deve contribuir para o resultado menor que em novembro. "Nossa meta já era chegar a 90% do volume do mês passado, vai ficar abaixo disso", cita Flávio Araújo, gerente de concessionária Ford em São Caetano. Ele lembra ainda que, nessa época, as pessoas normalmente ficam mais preocupadas com outras compras.

 

IPI - O decreto de elevação de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados para os carros importados ou que tenham índice de conteúdo nacional ou regional (com peças fabricadas no Brasil ou no Mercosul) inferior a 65%, que entrou em vigor ontem, já vai repercutir nos preços ao consumidor.

A Kia Motors do Brasil informou que foi obrigada a reajustar os preços ao consumidor de seus dez modelos atualmente comercializados no País, com aumento médio de 3,01%.

Como exemplo, o compacto premium da Kia Motors, o Picanto, lançado em agosto, já com motor flex fuel, teve seus valores médios majorados em 4,03%. O modelo Soul, que acaba de ser remodelado e agora com transmissão de seis marchas, também flex fuel, teve reajuste de 2,46%. O sedã Cerato absorveu impacto médio de 3,13%. "Decidimos repassar o aumento da alíquota do IPI de 30 pontos percentuais de modo parcial e gradual. Além do reajuste de hoje (ontem), teremos em 15 de janeiro, 15 de fevereiro e 15 de março", explica José Luiz Gandini, presidente da Kia Motors do Brasil. "Com o repasse médio de apenas 3,01% neste mês, entendemos que realizaremos boas vendas ainda neste fim de ano", conclui.

PROTEÇÃO

Durante evento ontem em São Paulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que é contra o protecionismo e a favor do livre mercado, mas que o Brasil não pode ficar "desprevenido, enquanto outros países fazem o diabo para exportar". Um dos exemplos citados foi o aumento do IPI para veículos importados.

Segundo ele, essa é uma forma de garantir que as empresas instaladas no País façam mais investimentos. "O Brasil é hoje o quinto maior mercado mundial de veículos e temos de preservá-lo", afirmou. "Não há nenhuma proibição, por exemplo, para que empresas chinesas venham produzir no Brasil, Mas, se quiserem desfrutar do nosso mercado, venham investir aqui, gerar empregos e pagar impostos."




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