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Vida de Chocólatra
Caroline Ropero
Especial para o Diário
24/04/2011 | 07:37
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Se come chocolate todo dia e não consegue se satisfazer com pedaços, você pode ser chocólatra. Gisele Tavares, 13 anos, de Mauá, não espera a Páscoa para encher a cara com a guloseima. "Prefiro em barra porque é mais fácil de levar na bolsa e dá para comer em qualquer lugar. Faço isso sempre."

Já para Yuri Cabral, 14, de São Caetano - que faz cair por terra a ideia de que só menina curte o doce - qualquer tipo é válido, desde que seja chocolate. "Pode ser ovo, barra ou bombom. Para mim é tudo gostoso." O preferido do garoto é o branco. "Tem sabor diferente, único." Mesmo sendo difícil resistir durante a Páscoa, é necessário treinar o autocontrole. A guloseima em exagero pode engordar, dar crise de enxaqueca e viciar por causa de uma substância chamada teobromina, da mesma família da cafeína.

Yuri já foi alertado sobre o perigo, mas acha difícil controlar. "Não consigo parar. Semana passada, por exemplo, não resisti e comi duas latas de leite condensado com chocolate em pó e granulado." O chocólatra come todos os dias e em muita quantidade. O costume vem da infância e pode piorar nos momentos de estresse e ansiedade.

Por outro lado, as espinhas não são culpa exclusiva do chocolate. O que acontece é que o alimento é muito gorduroso e pode aumentar a oleosidade da pele e, assim, gerar espinhas. Mas não é regra. Um organismo é diferente do outro. "Fritura, refrigerante, salgadinhos e qualquer alimento com gordura saturada pode ser mais maléfico do que o chocolate", explica o nutrólogo João César Soares.

A boa notícia é que o alimento também pode fazer bem à saude se consumido em pouca quantidade. "Como é feito das sementes do cacau tem minerais, ômega 6 e anti-oxidantes, que diminuem o acúmulo de colesterol ruim no sangue", explica a nutricionista Adriana Piva. Além disso, contém flavonoides, que previnem o envelhecimento precoce e fazem bem ao coração. Se gostou desta notícia, então prepare-se para a próxima: o chocolate estimula a produção de endorfina e serotonina, que dá sensação de prazer.

O chocolate é remédio para os ansiosos e estressados, que atacam o doce, principalmente na TPM (Tensão Pré-Menstrual). "Dá tanta vontade que já saí da aula para comprar uma barra quando estava com TPM", diz Gisele.

Chocolate especial para os diabéticos

Quem pensa que ter diabetes significa nunca mais comer chocolate está enganado. Helena Boaretto, 15 anos, de Mauá, descobriu que tinha a doença aos 10. No início foi um susto, mas percebeu que não é bem assim. "Posso comer de tudo, até chocolate. Para isso, aplico insulina (substância que ajuda o organismo a digerir o açúcar). O que não dá é para exagerar."

A garota conta que costuma ganhar ovo de Páscoa diet (especial para diabético), mas reclama não ter muitas opções. "Acabo ganhando sempre o mesmo ovo. Poucas marcas fabricam o diet." Mesmo assim, Helena já se acostumou a ficar sem o chocolate comum e curte o gosto do diet. "Quando sinto aquela vontade incontrolável, experimento um pedaço e me contento", diz a menina, que confessa ser chocólatra, mas só de doce diet. "Não passo vontade."

Diet e Light

A diabetes faz com que o pâncreas deixe de produzir insulina, substância que controla a quantidade de glicose no corpo. Se o organismo tem açúcar em excesso, prejudica o sistema circulatório. Por isso, os doces devem ser controlados e apenas os produtos diets devem ser consumidos. Optar pelos lights não adianta, já que possuem os mesmos ingredientes do alimento original, só que com menos caloria.

O melhor trampo do mundo

Na hora de escolher o que quer ser quando crescer, o principal conselho é fazer algo que gosta. Então, por que não trabalhar com chocolate? Já imaginou sentir, cheirar, ver e comer o doce todos os dias? Assim é a rotina de Stefenson Soalheiro, gerente de marketing da Cacau Show. Ele tem a missão de degustar a guloseima e é responsável pela criação de novos produtos.

"Viver no mundo do chocolate é maravilhoso. É algo que todo mundo gosta e cai bem em todos os momentos, tanto nas alegrias quanto nas tristezas. É bacana porque faz com que as pessoas fiquem felizes", acredita. É por essas e outras que Stefenson adora a profissão e jura que ainda não enjoou de tanto chocolate. "Falo isso há 14 anos e a cada ano a minha paixão aumenta ainda mais."

Para atuar nessa área, Stefenson fez vários cursos e, claro, é chocólatra. Segundo ele, não é um caminho difícil. "Primeiro é muito importante gostar do alimento, depois é necessário fazer cursos relacionados a marketing, desenvolvimento de produtos, comportamento do consumidor, entre outros", aconselha.

No entanto, isso não é tudo. É preciso ter um paladar apurado, conhecer as características que diferenciam o alimento e ter critério para decidir. Ficar superantenado nas tendências e visitar o mercado também são muito importantes. Além de mergulhar no delicioso universo do chocolate, entendendo a história, receitas, sabores, mercado etc. "Ler tudo que aparece sobre o assunto é essencial", conclui o gerente de marketing.

Era muito apimentado

Não. Willy Wonka e os Oompa Lompas, da Fantástica Fábrica de Chocolate, não inventaram o chocolate. Como é feito com as sementes do cacau, fruto originário da Floresta Amazônica, acredita-se que os povos da América já cultivavam o alimento mesmo antes de os europeus pisarem por aqui.

O mérito acabou ficando para os astecas, que viviam no México. Eles inventaram uma bebida feita de cacau chamada tchocolath (que deu origem ao nome chocolate) usada como remédio em rituais sagrados. Era amarga e apimentada. Nada bobos, os colonizadores trataram de levar a descoberta para seus países. A Espanha recebeu muitas sementes, mas na época, o povo não gostou do que bebeu. Aos poucos, acrescentaram açúcar e outros ingredientes, como vinho e leite. Desta forma, ficou mais gostosa e virou sucesso. Só no século 18, os ingleses começaram a produzir chocolate em barra.

No Brasil, a Bahia é o Estado que mais produz cacau. Entretanto, é na Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Camarões, na África, que fica a maior produção do planeta. O Brasil é o sexto colocado, atrás da Indonésia, na Ásia.

Vários tipos

Para saber a quantidade de nutrientes da guloseima, basta olhar o rótulo na embalagem: os ingredientes aparecem de acordo com a quantidade usada no produto. Quanto maior a concentração de cacau, mais escuro é o chocolate. Os tipos mais conhecidos são:

Ao leite: feito com a massa de cacau (cerca de 35%), leite e açúcar. É o preferido dos brasileiros, pois é mais doce.

Branco: leva somente a manteiga do cacau, que é clara, mais leite e açúcar. É o mais gorduroso.

Meio amargo: possui mais da metade da composição (cerca de 55%) de cacau misturado com leite e açúcar. É o mais indicado, pois quanto mais cacau, mais saudável.

Amargo: possui cerca de 75% de cacau, pouco açúcar e, em alguns casos, não vai leite. Também é mais saudável. 

 

Tem mais

Não há dose certa de quanto pode consumir de chocolate por dia. Especialistas acreditam que o ideal é entre 20 e 30 gramas, o que equivale a um quadradinho de uma barra grande. Pesquisas indicam que cada pessoa consome cerca de cinco quilos da guloseima por ano.

Quem não consegue viver sem doce, pode substituir o chocolate por frutas. Tudo bem que não é a mesma coisa, mas é preciso variar.

O chocolate pode ser mortal para os cachorros. A teobromina, que não faz mal para os humanos, é tóxico para o sistema nervoso central e músculos cardíacos dos cães.




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