Está todo mundo comentando. O que era para ser mais uma moda virou polêmica. As tais pulseirinhas de silicone - cujo pacote custa de R$ 1 a R$ 1,50 - estão sendo chamadas de pulseiras do sexo.

Rola a história de que fazem parte do jogo erótico Snap, que começou na Inglaterra (onde o acessório é conhecido por shag band) e chegou ao Brasil pela internet e virou febre. Nele, cada cor tem um significado (veja a seguir). Quem tem a pulseira arrebentada deve cumprir a tarefa da cor correspondente com quem conseguiu tirá-la. Os significados vão além de beijo, abraço e aperto de mão. Há desde dentadinha do amor a sexo.

Alguns não têm noção do que significam; muitos sabem, mas não se importam e vão continuar usando porque acham bonitas; outros acabaram de descobrir e ficaram espantados (não mais do que os pais e professores, com certeza). O fato é que elas estão ganhando os pulsos e as páginas dos jornais.

A pedagoga Maria Angela Barbato Carneiro, da PUC, explica que a erotização faz parte da adolescência, mas é preciso ver de que maneira o tema é tratado. "Muitos estão se tornando adultos cedo demais e isso é muito ruim. As pulseiras estão divulgando um sexo banalizado." O urologista e terapeuta sexual Celso Marzano acredita que toda brincadeira ou moda que está ligada a sexo pode levar a consequências físicas, como violência sexual, ou a traumas psicológicos. "Entre os adolescentes, a brincadeira já é conhecida e entra no jogo de sedução. Entre as crianças, o desconhecimento é enorme e torna-se mais perigosa. Cuidar é prevenir. Depois que acontece, não adianta chorar", completa o médico.

OPINIÕES DIVIDIDAS - Foi por isso que Roseli Lourenço pediu para que Larissa, 11 anos, deixasse de usar os acessórios. "O maior medo é que ela seja forçada a fazer algo ou que algum adulto se aproveite da situação." A garota parou de usar as pulseiras e jura que não fazem falta. "Eu guardei porque não quero chateação, mas acho bobo."

Carolina Ferraioli, 14, diz que não vai deixar de usá-las por causa desse jogo. Ela descobriu o significado recentemente. "Nenhuma pulseira vai me fazer fazer o que eu não quero. Uso porque acho legal." A garota tem 136 pulseirinhas de cores diferentes e costuma trocar com os amigos. "A ideia é colecionar e guardar lembrança um do outro." Victor Nogueira, 15, garante que muita gente usa só para provocar o outro. "Tem menina que fica fazendo charminho e depois sai."