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Inflação dos alimentos impacta
vendas do setor supermercadista
Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
01/02/2011 | 07:06
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A inflação dos alimentos fez com que as redes de supermercados encerrassem o ano passado com crescimento nas vendas reais abaixo do previsto. A projeção divulgada no quarto trimestre pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados) sinalizava alta de 4,5% e o resultado divulgado ontem pela entidade contabilizou avanço de 4,2%, o equivalente a R$ 185,5 bilhões.

Diante de variações expressivas nos preços de itens básicos como leite longa vida, farinha de trigo, açúcar e carne bovina, os consumidores das classes C, D e E trocaram as marcas que consumiam por outras mais baratas ou simplesmente reduzem a quantidade de produtos colocados no carrinho de compras. No início do ano foi cogitado faturamento até 8% maior do que em 2009.

"O crescimento do setor de alimentos é sustentado pelas classes mais baixas. Se produtos ligados à commodities aumentam, como aconteceu por quatro meses seguidos, o faturamento cai, pois os itens adquiridos têm valor agregado menor", explica o presidente da Abras, Sussumu Honda.

No acumulado do ano, o aumento do preço do feijão totalizou expressivos 51,6%, os cortes traseiros bovinos (picanha, alcatra, filé mignon) registraram variação de 34,9%.

Entre os queijos, o tipo muçarela sofreu reajuste de 34,3% e o prato foi de 32,8%. Na categoria de não alimentos, o papel higiênico teve alta de 43,3%.

Honda comenta que enquanto o topo da pirâmide está diminuindo a ingestão de carboidratos (trigo, batata, arroz, farinhas), os emergentes estão comprando mais produtos deste grupo alimentar. Com um pouco mais de dinheiro, essas famílias também estão aumentando o consumo de produtos industrializados.

PROJEÇÃO - A perspectiva da Abras é a de que o setor tenha crescimento real no faturamento de 4% neste ano. Entretanto, o presidente da entidade pondera que o aumento da taxa básica de juros, as restrições na concessão de crédito e a manutenção dos preços dos alimentos em alta deverão impactar a classe C, considerada o principal vetor de crescimento dos supermercados.

"Mesmo com este cenário as vendas vão continuar subindo. O mesmo ocorrerá em termos de volume de produtos comercializados, mas a entidade trabalha sem previsão certa de aumento neste caso", pontua Honda.

Entidade e governo discutem fim da sacolinha

Os sacos plásticos estão, definitivamente, com os dias contados no Estado de São Paulo. Isso porque a Apas (Associação Paulista de Supermercados) e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente vão formar grupo de trabalho para desenvolver ações que viabilizem o fim da distribuição das sacolinhas plásticas nos supermercados.

A decisão foi tomada após encontro realizado no dia 28 entre o presidente da entidade, João Galassi, e o secretário Bruno Covas. O objetivo é elaborar protocolo de intenções para banir o uso destas sacolas pelos consumidores.

A ideia é seguir o exemplo de Jundiaí (SP), onde há cinco meses foi implantado projeto-piloto que já reduziu em 95% a distribuição de sacolas plásticas nos estabelecimentos. Na cidade foram tirados de circulação 22 milhões de unidades por mês, o equivalente a 80 toneladas do material.

No município paulista não houve necessidade de implantar nova legislação, fato que deverá ocorrer no âmbito estadual. "O resultado dos estudos deverão nos municiar de informações suficientes para estruturar um projeto de lei extinguindo as sacolas plásticas", explica o secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas.

Na ocasião, o presidente do conselho deliberativo e diretor de sustentabilidade da Apas, João Sanzovo, entregou ao secretário minuta do projeto de Jundiaí, que servirá de base para o início dos trabalhos do grupo a ser criado brevemente.

Participaram da reunião organizada pela associação representantes do Grupo Pão de Açúcar, Walmart e Carrefour.

Valor da cesta básica aumenta 17% em 2010

Levantamento da Abras, que em parceria com o instituto de pesquisas GfK verifica o comportamento de preço dos 35 produtos mais consumidos pelos brasileiros, aponta que durante o ano passado o valor da cesta básica apresentou alta de 17,4%.

A variação foi maior que a verificada no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que totalizou 10,39% no período. Em valores nominais a cesta aumentou de R$ 261,51 para R$ 307,04 nos últimos 12 meses.

No mês passado, os produtos com as maiores altas foram: papel higiênico (24,34%), tomate (12,31%), frango congelado (8,83%) e açúcar (8,28%). Já as principais quedas ocorreram nos preços da batata (13,20%), feijão (7,92%), farinha de mandioca (3,08%) e creme dental (2,55%).

A cesta básica comercializada na região Norte continua como a mais cara do País, custando R$ 355,57. Em seguida aparece o Sul, cujos 35 produtos saem, em média, por R$ 327,14; depois vem o Centro-Oeste (R$ 295,21); o Sudeste (R$ 289,05) e por fim o Nordeste, vendida por R$ 261,49.

GOVERNO - Segundo o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, o governo vai intervir no mercado para garantir os preços mínimos do arroz e do feijão. Técnicos dos ministérios da Agricultura, da Fazenda e da Casa Civil se reúnem hoje na Capital Federal para avaliar uma nova operação para sustentar o preço do cereal.

O preço mínimo do arroz determinado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) é de R$ 25,80 a saca de 50 quilos, mas o cereal é vendido entre R$ 22 e R$ 23 no Sul.

As operações de intervenção para o feijão serão avaliadas antes do início da colheita de verão. A safra do feijão sequeiro, colhida até dezembro, foi prejudicada pelo clima e os valores foram derrubados para entre R$ 60 e R$ 70 a saca de 60 quilos, ante preço mínimo de R$ 80 da saca. AM (com AE)




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