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Polícia reconstitui morte de estudantes em Embu-Guaçu
17/11/2003 | 22:14
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Nenhuma emoção, nenhum arrependimento, apenas o relato frio. "Os dois contaram cada detalhe do crime como se estivessem conversando na varanda de suas casas", disse a perita criminal Angela Saporito. Esse foi o comportamento do adolescente R.A.A.C., 16 anos, e de Paulo César da Silva Marques, o Pernambuco, 32, nas 5h30 em que participaram da reconstituição do seqüestro e do assassinato dos namorados Felipe Silva Caffé, 19, e Liana Friedenbach, 16, em Embu-Guaçu (Grande São Paulo).

Os policiais e peritos ficaram estarrecidos. Eles concluíram que os criminosos obrigaram Liana a caminhar mais de 20 quilômetros no meio da mata nos quatro dias de cativeiro. Do Sítio do Lé, onde os estudantes do Colégio São Luís acampavam, à casa abandonada da Fazenda Boa Esperança, eles foram levados pelos bandidos com toalhas sobre seus rostos, impedindo a identificação do caminho. "Não tinham como fugir, pois não sabiam onde estavam", afirmou o delegado Silvio Balangio Júnior, titular da Delegacia Seccional de Taboão da Serra.

A reconstituição do crime começou por volta das 8h30. O cenário era o Sítio do Lé. Cerca de 20 policiais faziam a segurança do lugar para impedir uma eventual fuga ou que alguém tentasse matar os presos. Pernambuco e o menor permaneceram algemados. Primeiro, eles mostraram como dominaram o casal. R.A.A.C. se aproximou da barraca onde eles repousavam e desferiu uma facada na lona, perfurando-a. Depois, o casal foi obrigado a andar até o cativeiro.

Da Fazenda Boa Esperança, os policiais e peritos foram com os acusados ao local em que o adolescente matou Liana. Ele disse que estava caminhando com a garota pela mata, sem saber o que fazer com ela. Estava na dúvida se a soltava ou não. Aí "teve um estalo" e resolveu matá-la. Disse que a primeira facada foi no pescoço. Seguiram-se golpes no peito. Liana disse dois "ais" e caiu. Ele contou calmamente como desferiu mais 15 estocadas nas costas da jovem e outra no crânio dela, para ter certeza de que estava morta. "Ele contava como se não tivesse feito nada demais", afirmou a perita.

Depois foi a vez de a polícia reconstituir a morte de Felipe, assassinado com um tiro de espingarda calibre 28, disparado por Pernambuco em sua nuca. O bandido falou que foi tudo muito simples e fácil. Disseram ao rapaz que ele seria solto para providenciar o resgate de Liana. Quando caminhavam no meio da mata, Pernambuco, que ia logo atrás do estudante, apontou a espingarda e disparou. Liana apenas ouviu o tiro, pois era mantida à distância pelo menor.

O adolescente estava tão à vontade na reconstituição que chegou a delatar mais um assassinato aos policiais. "Ele disse que sabia quem era o autor de outro homicídio ocorrido na área", disse o delegado Etori André Bonifácio. Além de matar o casal, confessou outro crime, ocorrido em maio de 2001. A vítima, um caseiro, tinha o apelido de Bin Laden.

"Vamos pedir a prisão preventiva de todos e concluir o inquérito ainda nesta semana", disse o delegado Balangio Júnior. Além dos dois autores diretos dos homicídios, outros três homens estão presos sob a acusação de participar dos delitos - ocultação de cadáver, cárcere privado, homicídio, estupro, corrupção de menor, tortura e formação de quadrilha.




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