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Católicos e luteranos tentam reconciliaçao
Do Diário do Grande ABC
28/10/1999 | 16:33
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A Igreja Católica (um bilhao de fiéis) e a Federaçao Luterana Mundial (FLM, 70 milhoes) darao no próximo domingo em Augsburgo (Alemanha) um grande passo rumo à reconciliaçao com a assinatura solene de um acordo doutrinário, 478 anos depois da excomunhao de Martinho Lutero por Roma.

Esta declaraçao comum sobre ``a doutrina da justificaçao', concluída junho passado após 30 anos de árduas negociaçoes entre teólogos, foi qualificada pelo Papa Joao Paulo II de ``importante aquisiçao ecumênica', apesar de nao conseguir dissipar as divergências entre as duas Igrejas. Estas permanecem divididas quanto à compreensao da igreja e dos ministérios.

O acordo será firmado pelo cardeal Edward Cassidy, em nome da Igreja Católica, e pelo bispo luterano Christian Krause, presidente da FML, durante uma cerimônia religiosa na igreja Santa Ana de Augsburgo, significativo centro histórico da Reforma na Alemanha.

Atos solenes de açao de graças se realizarao na véspera em Paris na catedral de Notre Dame oficiados pelo cardeal Jean-Marie Lustiger e pelo pastor Michel Viot.

A questao da ``justificaçao' causou no século XVI a crise que provocou a ruptura da unidade da igreja ocidental, lembrou André Birmelé, um dos negociadores protestantes.

Tudo começou em 1517, depois da denúncia do monge Martinho Lutero da prática das ``indulgências', objeto de desvios escandalosos já que, por exemplo, para financiar o final da construçao da basílica de Sao Pedro, os clérigos vendiam aos fiéis indulgências que supostamente lhes permitiriam conseguir com mais rapidez o paraíso. Em outras palavras, enquanto o Vaticano defendia a obtençao da graça pelas obras (``justificaçao pelas obras'), Lutero e os reformistas estimavam que o homem se salvava ``pela graça' que só Deus podia conceder aos humanos.

Quase 500 anos mais tarde, o Vaticano nao renunciou às indulgências, legitimadas de novo por Joao Paulo II por motivo do jubileu do ano 2000, mas a premissa teológica da Reforma sobre a salvaçao ``é na atualidade amplamente compartilhada', frisou André Birmelé. O acordo reconhece que as Igrejas podem ``expressar a verdade da fé em diferentes termos'.

A declaraçao comum assinala que ``só pela graça, por meio da fé na açao salvadora de Cristo, e na base de nosso mérito, seremos aceitos por Deus e receberemos o Espírito Santo que renova nossos coraçoes, nos habilita e nos convoca para realizar boas obras'.




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