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'Janela fechada' não inibe troca partidária na região
Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
21/08/2011 | 07:13
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A aplicação da reforma política somente para a eleição de 2014, a princípio, não mudará estratégias políticas adotadas por diversos vereadores do Grande ABC. Muitos deles continuam costurarando apoios, mesmo sem a janela de transferência eleitoral, período em que o político poderia trocar de sigla sem ferir a Lei de Fidelidade Partidária. Mesmo porque qualquer processo judicial pode levar meses ou até anos para ser concluído.

Na região, pelo menos 21 vereadores têm projetos para migrarem de sigla. Alguns deles já acertaram saída, apesar de punição de perda do mandato. O Tribunal Superior Eleitoral determina que a cadeira na Câmara pertence ao partido, apesar de haver exceções como mudança de programa partidário ou perseguição.

Em Santo André, Ailton Lima está bem próximo de deixar o PDT, principalmente depois da filiação do advogado Raimundo Salles. A tendência é acertar com o PTB. Luiz Carlos Pinheiro, o Pinheirinho, tem alardeado que abandonará o DEM. Cogitado até no PT, o democrata ainda não tem futuro definido.

Miranda da Fé, de São Bernardo, está sem clima no PPS e estuda convite do PTB. Mauro Miaguti e Fábio Landi podem abandonar o DEM e fechar com o PSD.

Em São Caetano, Paulo Pinheiro (PTB) centraliza as apostas políticas. Pinheiro lançou sua pré-candidatura à Prefeitura de São Caetano à revelia do prefeito José Auricchio Júnior (PTB), que pediu cautela no processo. Comenta-se que, caso não seja escolhido do chefe do Executivo, Pinheiro possa acertar com o PMDB para pleitear o Palácio da Cerâmica. Joel Fontes também trocará de camisa, saindo do PMDB para o PSD.

O caso mais emblemático de negociações partidárias é Mauá. Pelo menos sete dos 21 vereadores cogitam buscar reeleição por outras agremiações. Cincinato Freire (do PSDC para o PDT), Edgard Grecco (do PDT para o PMDB), Irmão Ozelito (do PSB para o PTB) e Silvar Silva Silveira (do PV para o PCdoB) praticamente referendaram a transferência. Átila Jacomussi (PV, em conversas com PPS), Alberto Betão Pereira Justino (PSB para PTdoB) e Manoel Lopes (DEM para PSD) também devem mudar de legenda.

Em Diadema, são quatro casos explícitos. Os tucanos Lauro Michels e Márcio da Farmácia estão de malas prontas para o PV. Edmilson Cruz (PRB) vem negociando seu passe com o PMDB, enquanto Talabi Fahel, expulso do PSC, já tem tudo apalavrado com o PR.

Ribeirão Pires também tem a confirmação de Saulo Benevides, que se desfiliou do PV na semana passada para lançar candidatura ao Executivo pelo PMDB. Em Rio Grande da Serra, Cleson Alves de Souza estuda sair do PT e pode para no PV. Marilza Aparecida de Oliveira (PSDB) pode ser vice-prefeita na chapa governista e teria de migrar para o PTB.

 

Alternativa, PSD ainda afugenta políticos da região

 

A única chance de o vereador trocar de partido sem risco de perder o mandato é migrar para uma nova legenda, caso do PSD, projetado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Apesar do atrativo jurídico, o partido não tem cooptado políticos do Grande ABC. O motivo é a falta de força eleitoral para 2012.

Os parlamentares da região apostam que Kassab conseguirá referendar sua legenda a tempo de entrar no pleito do ano que vem. O problema é que, com a concentração de esforço para receber aval do Tribunal Superior Eleitoral, caciques da futura legenda não priorizaram a montagem da chapa de vereadores.

O risco principal é a derrota de nomes da velha guarda da política regional por conta da limitação do quociente eleitoral. Embora conte com puxadores de voto, o PSD não teria força suficiente para garantir cadeiras nas Câmaras.

No Grande ABC, quatro políticos negociam abertamente com o futuro partido. Mauro Miaguti e Fábio Landi, ambos eleitos pelo DEM, devem fechar com o PSD. Joel Fontes, de São Caetano, tem tudo apalavrado com Kassab e vai deixar o PMDB para gerenciar o PSD na cidade. Em Mauá, Manoel Lopes (DEM) mantém fidelidade ao prefeito paulistano e só tomará sua decisão após consultar seu mentor político. Mas não esconde que pode ir para o PSD.

Em Diadema, os tucanos Lauro Michels e Márcio Giudicio, o Márcio da Farmácia, foram convidados oficialmente pelo deputado federal Walter Ihoshi a ingressarem no PSD. A falta de garantia de força política, no entanto, fizeram com que ambos esfriassem as conversas. Devem acertar com o PV, da deputada estadual Regina Gonçalves.




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