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Grupo se apossa de área em Roraima
Do Diário do Grande ABC
16/09/2000 | 18:37
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Um grupo de estrangeiros é acusado de se apossar ilegalmente de uma área de 172 mil hectares - do tamanho da Bélgica - em Roraima, às margens do rio Negro, na divisa com o Amazonas. Sob o argumento de proteger a natureza, o líder do grupo, o argentino Héctor Daniel Garibotti, adquiriu terras de moradores ribeirinhos por preços irrisórios e criou uma organizaçao nao-governamental, a Associaçao Amazônia. O terreno, porém, pertence à Uniao e ao Estado de Roraima.

A suspeita de grilagem provocou a criaçao de uma Comissao Parlamentar de Inquérito na Assembléia Legislativa do Amazonas no ano passado. A comissao constatou que a entidade , atuando à margem da lei, recebia recursos de uma série de organismos internacionais de países europeus. O caso também está sendo investigado pela CPI das Terras Públicas da Amazônia, na Câmara dos Deputados. Existe a suspeita de que a Associaçao Amazônia recebia dinheiro do exterior ilegalmente.

Apesar de ter apenas uma maloca como infra-estrutura, de acordo com testemunhas ouvidas pela CPI, "muitos avioes pousam na área". A regiao onde fica a Associaçao Amazônia ainda é pouco explorada pelo turismo e é basicamente procurada por pescadores.

A CPI conseguiu descobrir que, para vender seus terrenos, os moradores ribeirinhos, que nao tinham títulos de propriedade, aceitaram receber cerca de R$ 12 mil cada um.

Ao depor na CPI, Héctor Daniel afirmou que nao sabia que as terras da Associaçao Amazônia, fundada em 1991, eram públicas.

A mesma argumentaçao aparece na página que a Associaçao Amazônia mantém na internet. Quem acessa o site recebe informaçoes sobre a proposta de desenvolvimento auto-sustentável para a área sob suspeita de grilagem. O projeto foi batizado de Jufari. A página também serve para tornar a entidade mundialmente conhecida e permite arrecadar recursos. A associaçao possui ainda escritórios na Itália e na Dinamarca.

Os deputados de Roraima consideraram o depoimento de Héctor contraditório, "caracterizando, inclusive, além de falso testemunho, possível descaminho, quando da entrada de recursos financeiros no país".

Os proprietários da associaçao conseguiram até um relatório da Embrapa com as informaçoes ambientais do terreno. Um funcionário da empresa fez o levantamento e suas despesas foram parcialmente pagas pela ONG. De acordo com os deputados da CPI, essas informaçoes tinham de ficar em poder do governo.




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