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Chile: militares tentam pôr fim a questoes de direitos humanos
Do Diário do Grande ABC
11/06/1999 | 13:03
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Quatro militares chilenos da reserva, que se tornaram senadores nomeados, se somaram à iniciativa dos chefes das forças armadas na busca de um acordo de ``ponto final' para as questoes de direitos humanos, em meio à crescente inquietaçao militar pela reabertura de processos contra oficiais.

Os chefes militares estao preocupados com os processos reabertos, que nos últimos meses levaram à detençao de 25 ex-militares e ex-agentes da polícia secreta por três operaçoes sangrentas. A mais recente dessas resoluçoes judiciais, esta semana, determinou a detençao de um general da reserva, líder de uma comitiva que assassinou sumariamente 72 presos políticos. Outros quatro oficiais de alta patente foram também submetidos a processos e detidos em quartéis militares, assim como o ex-general Sergio Arellano Stark, confinado ao hospital militar da capital.

Apesar de o ministro da Defesa, José Florencio Guzmán, ter pedido ``prudência' ao chefe do Exército, general Ricardo Izurieta, os comandantes têm se reunido e um deles lançou a idéia de formar uma comissao para tentar pôr um ponto final nos processos por direitos humanos. Quinta à noite, com o pretexto de homenagear Izurieta, que faz hoje 56 anos, os quatro senadores designados, que representam as forças armadas e a polícia militar no Congresso, analisaram a situaçao com Izurieta e manifestaram também sua inquietaçao com a situaçao.

Os militares argumentam que está sendo desconsiderada uma lei de anistia de 1978, que isentou de culpa os governantes e seus prepostos pelos excessos praticados desde o golpe militar de 1973 até aquele ano. O senador designado e chefe da marinha até o ano passado Jorge Martínez disse que a desconsideraçao da lei da anistia pelas decisoes judiciais recentes levará à reavaliaçao do passado, em que houve excessos dos dois lado. O ex-vice-comandante-em-chefe do Exército Julio Canessa, outro dos senadores designados, advertiu que ``as forças armadas sao delicadas e nao se pode mexer com elas' e o ex-chefe da polícia Fernando Cordero manifestou sua rejeiçao às decisoes judiciais.

Mas, enquanto os militares demonstram sua insatisfaçao e apoiam um ponto final, o bispo Juan Luis Ysern acusou Pinochet e Arellano como responsáveis pela execuçao sumária de 72 presos políticos em 1973 pela ``caravana da morte', liderada por Arellano. Na época do golpe militar o sacerdote era bispo de Calama, no norte do país, onde a comitiva de Arellano matou vinte prisioneiros, inclusive alguns condenados a penas menores. Ele disse que Pinochet é responsável porque, se nao o ordenou, também nao puniu o procedimento. Garantiu que ``se Pinochet nao deu as ordens para a açao, se tornou cúmplice por nao castigá-la'.

Políticos do governo e direitistas também realizam sondagens e conversaçoes sobre a possibilidade de chegar a um acordo que solucione as situaçoes pendentes de violaçao dos direitos humanos.




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