A diretoria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) enviou nesta terça-feira uma proposta aos funcionários que estão greve desde o dia 21 de fevereiro para reabrir as negociações. A informação é do gerente de Vigilância Sanitária em Portos, Aeroportos e Fronteiras da Anvisa, Paulo Ricardo Nunes.

Segundo Nunes, só haverá negociação com os grevistas com o fim da paralisação. Com isso, o governo se compromete a encaminhar ao Congresso um projeto de redistribuição de cargos e de discutir, em 30 dias, a equiparação salarial dos funcionários antigos em relação aos novos admitidos por meio de concurso público.

"Nós sabemos que a paralisação causa problemas à população, mas estamos tomando todas as medidas possíveis para diminuir ao máximo o impacto, garantindo um mínimo de 30% de funcionários trabalhando e liberando os medicamentos essenciais", disse Nunes.

Por causa da greve, vários produtos, principalmente medicamentos, ficam retidos em portos e aeroportos por falta de fiscalização. De acordo com o secretário executivo da Abimed (Associação Brasileira dos Importadores de Equipamentos, Produtos e Suprimentos Médico-Hospitalares), Cláudio Marques, só em São Paulo, cerca de 11 mil exames laboratoriais estão deixando de ser feitos pela falta de reagentes.

Ele também afirma que a greve afetou, inclusive, os bancos de sangue paulistas, que não podem liberar sangue porque não têm os materiais necessários para a análise de qualidade. Marques calcula que os prejuízos causados à indústria farmacêutica passam de R$ 700 milhões. "O maior prejudicado acaba sendo o consumidor, que precisa do medicamento e não tem", observou.

O diretor do Sindisprev-RJ (Sindicato da Saúde, Previdência e Trabalho do Rio de Janeiro), Júlio César Tavares, disse que haverá uma manifestaçãonesta quarta, às 10 horas, em frente à sede da Anvisa, no centro do Rio. No início da tarde, segundo ele, será realizada uma assembléia-geral da categoria para discutir e votar a proposta do governo.

Hoje, os funcionários da Anvisa do Aeroporto Tom Jobim fizeram uma operação-padrão. Eles verificaram com maior rigor as condições de higiene nos aviões. Segundo a assessoria de comunicação da Infraero, a operação não provocou atrasos em pousos e decolagens.