Segundo a entidade, as mortes provocadas pela doença aniquilarão, sobretudo, o setor agrícola e, em dez países africanos — os mais afetados — reduzirão a força de trabalho em 26%.
A Aids, que já matou cerca de 7 milhões de trabalhadores agrícolas em 24 países africanos, é para a FAO "uma das maiores ameaças para a saúde da humanidade e para o progresso da história".
O relatório da entidade, elaborado para a XXVII sessão do Comitê sobre Segurança Alimentar Mundial, que se realizará em Roma de 28 de maio a 1 de junho, afirma que 36 milhões de pessoas no mundo estão infectadas, das quais "95% vivem em países em vias de desenvolvimento".
A África Subsaariana é a região mais duramente atacada pela epidemia, com 24 milhões de pessoas infectadas, sustenta o relatório.
Os estudos da FAO indicam que o vírus tem um grande impacto na nutrição, na segurança alimentar, na produção agrícola e nas sociedades rurais de muitos países e em particular sobre os membros economicamente mais produtivos da sociedade.
"Quando o primeiro adulto de uma família fica doente, começa a queda em pique do bem-estar da família", dizem os especialistas.
"Gasta-se muito mais em cuidados sanitários enquanto a produtividade diminui. A produção de alimentos e as receitas caem dramaticamente à medida que aumenta o número de adultos afetados. Quando acaba a poupança, a família busca ajuda nos parentes, pede dinheiro emprestado ou vende seus instrumentos de produção", prossegue o relatório.
Segundo um estudo feito em Uganda, 65% das famílias afetadas pela Aids se viram obrigadas a vender suas propriedades para poder enfrentar as curas sanitárias.
O relatório indica que a perda de adultos sadios atinge a capacidade de se manter e se reproduzir na sociedade. "As técnicas da agricultura podem se perder já que as crianças não podem ver como trabalham seus pais".
Para lutar contra a difusão constante da doença e reduzir seu impacto, a FAO apresentou uma série de sugestões que serão analisadas durante a reunião do comitê sobre segurança alimentar mundial.
Entre as propostas figura a de "respaldar ativamente as estratégias para conscientizar os governos, os líderes políticos, ministros, líderes de opinião e público em geral sobre o impacto da Aids" .
Também se pede assistência para que as crianças indigentes e as famílias com casos de Aids possam enfrentar suas necessidades alimentares diárias e outras necessidades básicas.
O relatório pede também que se revisem as leis e as práticas relativas ao acesso à terra e aos recursos para assegurar os meios de vida de viúvas, órfãos e outras categorias afetadas pelo vírus, se apliquem programas de segurança alimentar e nutrição, de prevenção e redução do impacto negativo na segurança alimentar, assim como de assistência alimentar para proporcionar alimentos suplementares aos lares e orfanatos.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.