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Não tem mais como se perder!
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
14/02/2010 | 07:36
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Tem gente que não é muito boa com caminhos. Quem faz parte desse time poderia deixar de se perder tanto se tivesse um GPS. Essa tecnologia ajuda a encontrar o local desejado, indicando o caminho a seguir na tela do aparelho. E não é só isso. Nos Estados Unidos, muitos pais usam celular com esse programa para saber por onde os filhos andam.

Tem quem diga que essa engenhoca não acerta toda vez, mas há aqueles que afirmam nunca terem sidos deixados na mão. Henrique Murchie, 8 anos, de Santo André, garante que é fácil de usar. Basta digitar o endereço para ele indicar a trajetória a seguir.

E é justamente isso o que ele faz quando passeia de carro com a mãe. "Ela sempre erra o caminho. Se não tivesse o GPS, a gente ficaria perdido", diz. Henrique também explica que se por acaso o motorista não acerta o trajeto, não tem de esquentar a cabeça; o próprio aparelho refaz a rota.

Marcella Ruiz Maritan, 9, de Santo André, também curte o GPS dos pais, que têm a tecnologia disponível no carro e no celular. "Ele fala direitinho onde a gente tem de virar. É muito útil." No entanto, ela sabe que nem sempre foi tão fácil descobrir as trajetórias para onde se queria ir.

No passado - Já pensou como o homem sabia se localizar há milhares de anos? A resposta está no céu. Somente depois de observar os astros por muito tempo, foi possível viajar por longas distâncias com mais chances de voltar para casa. Aos poucos, mapas e aparelhos foram criados para ajudar na missão de achar o caminho certo.

Mas isso nem sempre dava certo. Alguns historiadores defendem, por exemplo, que o navegador português Pedro Álvares Cabral teria chegado ao Brasil depois de se perder no Oceano Atlântico, enquanto tentava chegar à Índia. Imaginou o que aconteceria se ele tivesse GPS? "Acho que antigamente, quando usavam só a bússola, as pessoas se perdiam mais do que hoje. Olhar o mapa dá muito trabalho", acredita Marcella.

Consultoria de Almir Meira, professor de Redes de Computadores e Telefonia IP da Fiap, Enos Picazzio, do Instituto de Astronomia da USP, Patrícia Monticelli, do Instituto de Psicologia da USP, e Renata Sousa-Lima, pesquisadora do programa de pós em Ecologia da UFMG

Aparelho traça o caminho do céu
O GPS, sigla que significa Sistema de Posicionamento Global (em inglês), foi desenvolvido pelos norte-americanos para patrulhar a superfície da Terra, a partir da década de 1970. É controlado por 24 satélites (metade em cada lado do planeta) que colhem informações sobre toda a área que pode ser vista do céu. Quem tem o receptor, como o do carro ou celular, recebe os sinais desses satélites que estão a 360 quilômetros de altura. Basta indicar o local desejado, que o aparelhinho calcula a distância e o percurso que deve ser feito entre o receptor e onde se quer ir, indicando o caminho. Para fazer isso, o GPS precisa captar os dados de, no mínimo, três satélites que estão no céu. O GPS chegou ao Brasil no início dos anos 1990, trazido pelo ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet.

Bichos têm GPS natural
Na natureza, muitas espécies nem precisam de GPS para percorrer longas distâncias e voltar para casa. Um dos exemplos mais famosos é o pombo-correio, que consegue levar mensagens apenas para o local em que nasceu. Isso é possível porque a ave tem visão e memória ótimas. Desse modo, consegue identificar o período do dia e a posição do sol, sabendo em que direção está. Também se guia por pontos de referência, como montanhas e rios que existem no caminho.

Os animais se localizam usando os sentidos. Os cães, por exemplo, têm olfato 40 vezes mais desenvolvido que o homem, por isso seguem rastros de pessoas desaparecidas há dias. Seu olfato identifica também cheiros de árvores, de rios, de locais onde vive.

Muitas espécies de aves migram todos os anos, deixando o lugar de origem, em busca de melhores condições de vida, retornando depois. A andorinha-do-mar-ártica, por exemplo, sai da Groenlândia (no Hemisfério Norte) no inverno, em direção a Antártida (no Hemisfério Sul), onde é verão.

Acompanha as baleias
Agora é possível saber por onde andam as baleias jubarte no litoral brasileiro. Os sons que produzem são captados por gravadores no fundo do mar. Marca-se onde os aparelhos foram deixados com o auxílio do GPS. Assim quando analisam os sons, conseguem saber o caminho que elas fizeram. Antes, os pesquisadores tinham de ter olhos bem treinados para saber onde estavam.

Linha do tempo
Há muito tempo, o homem teve de encontrar a solução para não se perder toda vez que saía para caminhar por aí. Na Pré-História, por exemplo, tinha de saber como voltar para casa depois de uma caçada. Acredita-se que, por isso, passou a observar a natureza e gravar na cabeça a paisagem da área por onde passava. Qualquer rio, montanha ou árvore diferente ajudava a identificar o trajeto correto. Mas tudo mudou quando a humanidade começou a percorrer longas distâncias. Foi necessário encontrar modos de se orientar durante o percurso. E graças à mãozinha dada pela natureza, conseguimos! Confira a evolução:

Não se sabe ao certo quando, mas há milhares de anos o homem descobriu que o céu poderia ajudá-lo. Aliás, por muito tempo, essa foi a única maneira de guiar-se. À noite, as estrelas formam gigantesco mapa. Depois de muita observação e estudos, povos da Antiguidade desenvolveram métodos de orientação por meio delas. No Hemisfério Norte, por exemplo, é possível ver a estrela Polar, que nunca muda de lugar porque fica exatamente na direção do eixo imaginário da Terra. Assim, quem fica de frente para ela sabe que está virado para o Polo Norte (atrás está o Sul,à direita o Leste e à esquerda o Oeste).

Depois de muitos estudos, os gregos descobriram que a localização ficaria mais fácil se dividissem o planeta com duas linhas imáginárias verticais na direção Norte e Sul, chamadas de latitudes, e várias horizontais de Leste a Oeste, que são as longitudes. Por meio delas é possível calcular a posição de qualquer lugar na Terra.

O astrolábio também ajudou muito a humanidade. Era usado para medir a altura dos astros no céu, determinando a latitude em que se estava. Acredita-se que foi inventado pelos gregos, há cerca de 2.000 anos. Foi aperfeiçoado pelos árabes, que o levaram à Europa. Lá, no século 16, os portugueses criaram modelo ainda melhor, destinado apenas à navegação.

A bússola foi um dos instrumentos mais importantes para a orientação do homem, principalmente quando começou a navegar pelos oceanos até então desconhecidos. Foi descoberta pelos chineses há cerca de 4.000 anos. O instrumento é feito com material naturalmente magnetizado (ímã) que, ao flutuar sobre qualquer superfície líquida, aponta sempre para o Polo Norte magnético - com direção um pouco diferente do Norte geográfico. A partir daí, é possível encontrar as outras direções facilmente.

O GPS não existiria se o homem nunca tivesse criado foguetes para lançar satélites artificiais no espaço. O primeiro, chamado Sputnik, foi enviado em 1957 pela União Soviética (país que não existe mais). Cerca de 20 anos depois foram lançados os 24 satélites do GPS, que são utilizados até hoje, apesar de terem passado por muitas modernizações.

A Europa está desenvolvendo sua própria tecnologia de localização via satélite, mais rápida que o GPS atual. É possível que o sistema comece a funcionar em 2012. Entre as novidades dos próximos anos, estão os mapas que aparecerão em 3D. Acredita-se também que a nanotecnologia (aparelhos vistos apenas por microscópio) ajudará na criação de novas máquinas e métodos de localização sem precisar dos satélites. E não falta muito para as pessoas serem encontradas em tempo real pela internet. Mas isso só deverá ocorrer com quem autorizar.




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