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Confira como é feita a cirurgia de mudança de sexo
Do Diário do Grande ABC
06/02/2011 | 07:45
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Divulgação


Transexuais enfrentam anos de espera para realizar a cirurgia de readequação sexual; é o sonho de uma vida toda

Se sexualidade é conjunto de características psíquicas e comportamentais, o físico precisa se adequar a essa condição como consequência do que se sente. Nesse caso, os transexuais têm longo caminho pela frente. "Têm sofrimento psíquico por não pertencer ao gênero desejado", afirma o psiquiatra Danilo Baltieri, coordenador do programa ABSex da Faculdade de Medicina do ABC.

"É como quebra-cabeça que não se encaixa. Desde que nasci, percebi que o que pensava e sentia era o contrário do meu corpo biológico. Com 13 anos, já entendia minha condição de mulher, mas ainda não era real. Daí para frente, minha vida foi buscar readequações para o que queria e sentia", conta a transexual Carla Amaral, 39.

Para readequar o sexo, é preciso passar por alguns procedimentos. Além do tratamento hormonal, muitos recorrem à cirurgia de redesignação sexual, popularmente conhecida como mudança de sexo. A Tailândia é o país que mais realiza esse tipo de procedimento. No Brasil, a cirurgia de adequação de homem para mulher é feita desde 1997, mas só começou a ser realizada pelo SUS (Sistema Único de Saúde), em 2008, sendo feitas 84 até novembro de 2010.

A cirurgia de mulher para homem (com retirada de mamas, útero e ovário) foi aprovada em setembro de 2010. "Geralmente, só a retirada das mamas já satisfaz as transexuais. A neofaloplastia - construção do pênis - é rara", explica Carlos Abib Cury, médico, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e responsável pela primeira cirurgia de redesignação no País. Desde 1998, ele já fez 96, sendo só uma de retirada de mamas.

No Brasil, é preciso ter mais de 21 anos e encarar dois anos de acompanhamento psicológico e médico (em várias especialidades) até que a cirurgia seja autorizada, em contar a fila do SUS. Em São Paulo, o Hospital das Clínicas faz cirurgia de homem para mulher e o Pérola Byington, de mulher para homem. Em hospital particular, o custo é de cerca de R$ 18 mil.

Em geral, leva-se três horas para a cirurgia de criação da vagina. A recuperação é rápida. "Após operada, a funcionabilidade é boa. A paciente faz xixi sentada e tem prazer sexual. Só não pode ter filhos pela falta dos órgãos sexuais femininos internos", explica o cirurgião Cury.

Hormônios fazem a diferença - Os hormônios - substâncias fabricadas pelo sistema endócrino e liberadas no sangue - determinam também as características do corpo. Homens e mulheres possuem hormônios diferentes, que até a puberdade (na transição da infância para adolescência e vida adulta) passam silenciosamente pelo organismo, até que acordam! A partir daí, estimulam as mudanças físicas e psicológicas. O sistema reprodutor masculino fabrica testosterona e o feminino, estrogênio.

Para mudar as características físicas, os transexuais fazem tratamento hormonal intenso: homem que quer virar mulher toma estrogênio, bloqueando a testosterona. A mulher que deseja virar homem apenas ingere hormônios masculinos. Além disso, tem gente que faz raspagem do pomo de adão (resta pequena cicatriz acima da traqueia), afina o rosto e aumenta as mamas. "Dependendo da pessoa, a produção de mama pode se dar em cerca de três meses", explica Ruth Clapauch, do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia.

Apesar das mudanças rápidas, a endocrinologista faz um alerta muito importante: " É preciso acompanhamento médico intenso. Reposição de hormônio pode ser extremamente perigosa. Uma vez começado o tratamento, pode não ter volta. Não dá para se arrepender. Jamais deve ser feito por conta própria, nem com o amigo farmacêutico."




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