Economia Titulo Seu bolso
Consumidor deve pesquisar preços antes de liquidações

Indicador de inflação dá sinal de que varejo inicia expansão gradual nos valores para ofertar com descontos

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
10/10/2014 | 07:11
Compartilhar notícia
Arquivo/DGABC


O varejo deu indícios de que está recompondo margens de preços, ou seja, subindo os valores dos seus produtos, para se preparar à Black Friday – grande liquidação realizada na última sexta-feira de novembro (neste ano cairá no dia 28), que entra no seu terceiro ano no País, seguindo os moldes dos Estados Unidos –, e para promover saldões próximos à data.

O momento, portanto, é ideal para os consumidores pesquisarem preços de itens que têm a intenção de comprar no período. O setor usa essa ‘mágica’ dos percentuais para garantir seus descontos e obter o melhor resultado possível com o aumento expressivo da demanda.

O sinal dessa recuperação de margem de preço foi identificada dentro do IPCA-SP (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – Grande São Paulo), publicado na quarta-feira. O indicador apontou que os fogões ficaram, em média, 6,01% mais caros. A inflação do mês de setembro todo, para se ter ideia, foi de 0,64%.

A variação do bem de consumo quase equivale à inflação acumulada em 12 meses para os brasileiros, que alcançou 6,75% em setembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O encarecimento dos fogões se destaca ainda em relação aos resultados de setembro de 2012 na Região Metropolitana, quando o item apresentou deflação de 1,39%, e de 2013, quando a alta média de preço foi de 3,20%.

A inflação nos insumos para a indústria de eletrodomésticos seria uma das hipóteses para explicar a expansão dos preços às famílias. “Eles usam aço carbono, mas não houve aumento, pelo que me lembre. No aço inoxidável também não. No caso dos vidros, também nada expressivo”, destacou o vice-diretor do Ciesp (Centro da Indústria do Estado de São Paulo) de São Caetano, Willian Pesinato.

O Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) reforça a tese de que o custo de matéria-prima para a indústria não teria sido a responsável. O IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) aponta que as empresas foram beneficiadas com deflação de 0,32% acumulada no ano e 0,18% em setembro.

Para o especialista em varejo da FIA (Fundação Instituto de Administração) Nuno Fouto, como a indústria não teria motivo para incrementar os preços, há grandes chances de que o comércio seja o responsável.

“A primeira explicação seria que as vendas estão mais fortes. Neste caso, o preço geralmente aumenta quando a procura é maior”, explicou Fouto, destacando que isso dificilmente aconteceu porque a demanda para esse produto é mais acelerada, geralmente, no primeiro semestre.

Outra possibilidade seria o lançamento de modelos do eletrodoméstico em setembro, que entrariam com preços mais altos no varejo. “Mas não é o período para isso. O forte para lançamentos da linha branca é mais no começo do ano ”, avaliou Fouto. “Eu apostaria mais na recomposição (das margens de preços).”

O especialista se refere à estratégia das empresas de aumentar os preços bem antes da Black Friday para depois diminuir com intensidade no período. “A terceira hipótese seria, realmente, a recomposição de margem prevendo uma futura liquidação. Temos que lembrar das promoções, da Black Friday, inclusive. A recuperação de margem (agora) possibilita quedas nos preços nessa época”, explicou Fouto.

Na ponta do lápis, se as lojas aumentarem 6% os seus preços, por mês, até a data, ou seja em setembro, outubro e novembro, acumulariam inflação de 19% em relação ao fim de agosto. Para retirar toda essa gordura, sem diminuir a margem de lucro, tendo em vista que a maioria teria estoque, poderiam anunciar desconto de 16%. “É importante que o consumidor comece a pesquisar os preços para comprar na data”, acrescentou Fouto.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;