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Dussek mostra seu talento em São Caetano

Com formação em teatro e música, artista traz à região show com performances

Andréa Ciaffone
03/10/2014 | 07:00
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Divulgação


O sujeito alto, louro, com cabelos encaracolados, de cueca e asas de anjo senta ao piano e começa a cantar com voz grave: “Naquela manhã eu acordei tarde, de bode...”. Seu nome era Eduardo Dussek, a canção era Nostradamus e o palco era o do festival MPB Shell, realizado pela TV Globo, em 1980.

Daquela transmissão em diante, Dussek se tornaria referência no cenário artístico. Letras engraçadas, performances vigorosas e domínio do piano são elementos que fazem do artista – que se apresenta hoje, às 21h, no Teatro Paulo Machado de Carvalho (Al.Conde de Porto Alegre, 840. Tel.: 2093-3176), em São Cetano, com ingressos que custam R$35 e R$ 70 – , sucesso há mais de 30 anos. Dussek falou ao Diário sobre o show.

Conte um pouco sobre o conceito do show de hoje.

Teatro e música foram as vertentes que formataram o show. Há teatro, comédia, brincadeiras, enfim, humor. Mas também há música, muita musica. É festa completa, mas feita por um homem. Tem formato de cabaré, dou uma de showman. O objetivo é incitar o espectador a deixar o estresse de lado, cantando comigo. É uma energização.

Como você define a sua fase criativa hoje?

Estou bem mais ligado nas viagens sociais e emocionais do público. Há uma tragédia cômica em curso. Não faço mais críticas. Apenas acordo as pessoas da minha plateia do sono em que se encontram, mostrando dois lados: a transcendência e iluminação do ser humano contra o ridículo da situação em que todos insistem em viver. É o non sense sinistro da realidade humana. Sempre digo que não sou um gozador, pelo contrário, sou seríssimo. O mundo é que é uma piada.

Nos anos 1980, você fez parte de onda de grandes criativos que apareceram nacionalmente nos festivais. Como você avalia o cenário de concursos e reality shows musicais?

Tem programas bem feitos como o The Voice, outro com bandas, o Superstar, e sobre os festivais, conheço o de Marchinhas de Carnaval, que costumo participar. O curioso é que os vencedores não emplacam carreira sólida à altura de seus talentos. Tem gente talentosíssima no Brasil, mas a tendência é aparecer mais a mídia do que a pessoa. Aliás, acontece isso na política também. A impressão é que o público tem menos personalidade de escolha. Engole croquete achando que comeu mignon. Por exemplo, no massificante futebol atual vale mais a pancadaria do que o jogo esportivo. E o mais assustador é que ninguém percebe isso!

Você tem lembranças do público do Grande ABC?

Lembro da região pelo entusiasmo. Todos os shows que fiz por aí foram vibrantes e acho que este também será.




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