Economia Titulo Emprego
Contratações em agosto somam 2.942

Saldo de vagas formais supera julho em 35,6%,
porém, é 54,6% menor que registrado em 2010

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
15/09/2011 | 07:30
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A geração de empregos com carteira assinada no Grande ABC em agosto registrou saldo de 2.942 vagas. O montante, embora seja 35,6% maior que as contratações de julho, com 2.169 postos, é 54,6% inferior ao de agosto do ano passado, quando foram empregadas 6.493 pessoas. No acumulado do ano a diferença é ainda mais gritante; de janeiro a agosto, o saldo (admissões menos demissões) é de 23.358 vagas, 34,1% ou 12.108 a menos do que nos em 2010.

Os dados integram o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho e Emprego. São Bernardo foi a cidade que mais empregou, com 1.341 postos, seguido por Santo André, com 1.022. Nenhum município encerrou o mês com saldo negativo.

Na avaliação do diretor do departamento de indicadores sociais e econômicos da Prefeitura de Santo André, Dalmir Ribeiro, esse é um reflexo claro da desaceleração da atividade econômica. "O governo jogou água para refrear a fervura da economia e o resultado está na redução do ritmo da produção e de contratação", diz, referindo-se às medidas macroeconômicas adotadas para conter a inflação, como a elevação das taxas de juros, a restrição na oferta de crédito, o aumento dos compulsórios e o encarecimento do spread bancário (diferença entre a taxa de captação dos recursos e da repassada ao cliente).

Sem contar a questão do câmbio, em que o real segue valorizado e o dólar, por sua vez, mais barato, o que favorece a entrada de itens importados, que tiram a competitividade da indústria na região e, consequentemente, postos de trabalho.

Ou seja, embora a base de comparação esteja elevada, ressalta Ribeiro, já que em 2010 foram alcançados marcas recordes na geração de emprego na região. Existem fatores que contribuem à desaceleração na abertura de vagas.

Para efeito de comparação com os quatro anos anteriores, os saldos do mês de agosto estiveram sempre mais elevados. Em 2010 foram 6.493 postos; em 2009, quando a economia começava a se recuperar da crise financeira, 5.256 e em 2008, antes de a turbulência começar, 6.191.

O mês é marcado por ser um dos períodos em que se tem as maiores demandas de produção para abastecer as encomendas de fim de ano. No entanto, a diferença na geração de vagas é brutal.

SETORES - O setor que mais contratou em agosto foi o de serviços, que capitaneou a abertura de vagas com 1.143 oportunidades (38% das 2.942).

Na sequência, quem mais empregou foi o comércio, com 967 postos (32,8%). A indústria fica em terceiro lugar, com 707 vagas. "O PIB (Produto Interno Bruto) industrial está perdendo cada vez mais espaço na economia, pois as indústrias estão se tornando revendedoras e não fabricantes", avalia Ribeiro.

E a indústria é justamente o setor que paga os salários mais altos, com média de R$ 2.900, ante R$ 1.400 a R$ 1.500 de comércio e serviços. "Ironicamente, as que pagam menos são as que estão empregando mais, que são as vagas com menor qualificação."

Quanto ao programa de incentivo à indústria Brasil Maior, anunciado pelo governo federal em agosto, que prevê a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados para montadoras com fábricas no País, com a contrapartida de aumentar o total de peças nacionais na composição dos veículos e elevar as contratações, Ribeiro diz que a iniciativa é confusa, pois até agora não foram divulgados detalhes de como os incentivos serão dados, e para quem.




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