Política Titulo Conjuntura
Alianças do PMDB não seguem ideologia

No Grande ABC, sigla tem posturas diferentes em relação ao PT, seu principal aliado nacional

Cynthia Tavares
Especial para o Diário
31/07/2011 | 07:30
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Ao observar os parceiros do PMDB no Grande ABC nota-se pluralidade no leque de alianças. Na escala federal, o elo com PT segue sólido e chega ser comemorado até com bolo de casamento, tendo a presidente Dilma Rousseff (PT) e seu vice, Michel Temer (PMDB), como noivos. Mas nem sempre a conjuntura se repete nos âmbitos estadual e municipal. Na Assembleia Legislativa, o partido faz parte do grupo de sustentação ao governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Na região, a legenda transita de maneira volátil entre as siglas e nem sempre está do mesmo lado que o PT. Exemplo disso é a cidade de Mauá, onde a deputada estadual Vanessa Damo (PMDB) será principal adversária ao prefeito Oswaldo Dias (PT) no pleito eleitoral do ano que vem. A parlamentar não economiza nas críticas ao atual administrador e afirmou que sua candidatura "será a principal da oposição". Em Santo André e São Caetano, os peemedebistas estão juntos ao PTB, que tem o PT como principal adversário.

O antagonismo, contudo, cai por terra quando é analisada a cidade de Diadema. PT e PMDB são parceiros históricos na cidade. Apesar de possuir somente uma cadeira no Legislativo e apresentar votação modesta nas eleições do ano passado (a vereadora Cida Ferreira concorreu a uma cadeira na Assembleia Legislativa, mas só obteve 7.913 votos na cidade), o partido é bem visto pelo reduto petista.

"O partido tem grande representatividade na cidade e tem se mostrado um grande parceiro no decorrer dos anos. Nossa relação de confiança é muito grande. No ano que vem devemos estar juntos. As conversas já estão em curso", disse o presidente municipal do PT, Josemundo Queiroz, o Josa. Cida tem manifestado publicamente o desejo de ser a vice do prefeito Mário Reali (PT). As negociações estão em curso.

O presidente estadual do PMDB, deputado Baleia Rossi, justificou que a versatilidade de aliados ocorre para oxigenação do partido. "Verificamos todos partidos que visam alianças que possam nos proporcionar crescimento. Isso é absolutamente normal. Na minha região (Ribeirão Preto), há cidades em que o PT está aliado ao PSDB", argumentou.

NAMORO

Em São Bernardo, o alinhamento entre os dois partidos caminha para dar certo. O prefeito Luiz Marinho (PT) afirmou que o acordo "tem tudo para se consolidar". Nos bastidores, a parceira já é dada como certa.

Nas cidades de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, os diretórios municipais têm mantido intensas conversas para formar alianças de olho nas eleições do ano que vem. Nos dois casos, as legendas engrossam os blocos de oposição às administrações. "Sou pré-candidato a prefeito, mas o partido está aberto. Há possibilidade de somarmos com o PT. Depende de quem estiver melhor nas pesquisas", afirmou Valmir Copina, presidente do PMDB em Rio Grande da Serra.

Em Ribeirão Pires, a sigla também mantém conversas com o PT. O vereador Saulo Benevides (PV) migrará para o PMDB para se lançar ao Executivo, mas os petistas o querem como vice de Maria Inês Soares (PT). O problema é que nem o parlamentar e nem os petistas abrem mão da cabeça de chapa. As tratativas, contudo, continuam. 

Para especialista, pluralidade é inevitável no regime federativo

Para o cientista político Rui Tavares Maluf, o fato de o PMDB firmar alianças com diferentes partidos não representa distorção na ideologia do partido. De acordo com o especialista, não há problema na pluralidade de aliados, pois a conjuntura em cada município é diferente.

"Somos um País federativo. É óbvio que a realidade em cada Estado ou em cada cidade é diferente, estamos falando de três escalas (nacional, estadual e municipal). Não há como querer se amordaçar a uma aliança nacional. A aliança é razoável, pois em boa parte há grande leque de afinidades. De alguma forma, talvez eles estariam em campos opostos", disse Maluf.

O cientista destacou que a versatilidade de partidos em parceria com o PMDB é fruto de uma deficiência nos programas partidários e na legislação, que dá brechas para político trocar facilmente de partido. "O entra-e-sai nas legendas é muito intenso e muitas vezes está escorado nas alianças. Nos municípios, os caciques acabam sendo mais fortes do que os próprios partidos", afirmou. Na visão dele, isso facilita o alinhamento, principalmente em cidades pequenas, onde a influência política ainda é muito forte.

O presidente estadual do PMDB, Baleia Rossi, ressaltou que no pleito do ano que vem a ideia é manter acordos, desde que o PMDB saia ganhando. "Não seremos trampolim para ninguém. Temos uma realidade nacional bastante forte e isso será passado para os municípios", salientou.

Desde que assumiu a comissão provisória da executiva estadual, Baleia Rossi ordenou que em todas as cidades do Estado a sigla esteja na chapa majoritária como comandante ou como vice. "A estadual não julga razoável qualquer outro tipo de negociação e não reconhecerá como legítima", pontuou o presidente.

O coordenador da Macro PT ABC, Humberto Tobé, destacou a importância da sigla nos quadros da sustentação. "Todos querem o PMDB compondo. A nossa orientação é para manter relação de proximidade, pois é um partido tradicional", declarou.




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