O Chelsea é o campeão da 57ª edição da Liga dos Campeões da Europa, o principal torneio entre clubes do Velho Continente. A equipe londrina começou atrás no placar, mas foi buscar o empate e superou o Bayern de Munique na decisão por pênaltis por 4 a 3. Müller e Drogba marcaram os gols no tempo normal, que terminou com o placar marcando 1 a 1.

O jogo foi disputado em Munique, na casa da equipe alemã, a Fußball Arena München, que recebeu este nome durante o torneio porque a Allianz, seguradora dona dos naming rights do estádio, não faz parte do quadro de patrocinadores do torneio. O fator "mando de campo", porém, não pesou no resultado final.

Roman Abramovich, o russo endinheirado que mudou a história do Chelsea a partir de 2003, investindo rios de dinheiro no time e trazendo vários craques de peso, enfim atingiu o seu maior desejo: figurar no topo do continente europeu.

Ao longo da temporada, esse desfecho parecia improvável. Dono de uma campanha irregular na Premier League - terminou apenas em sexto lugar -, o Chelsea mandou embora o técnico português André Villas-Boas no meio do caminho. Roberto Di Matteo assumiu a equipe de forma interina e escreveu o seu nome na história do futebol europeu.

Ambos os times já haviam chegado à decisão em anos recentes, mas sucumbiram diante de seus adversários. Em 2008, em Moscou (Rússia), o Chelsea perdeu o título nos pênaltis para o compatriota Manchester United, de Cristiano Ronaldo. Dois anos depois, foi a vez dos alemães serem derrotados pela Inter de Milão por 2 a 0, em Madri (Espanha).

A partida

Três jogadores do Bayern e quatro do Chelsea estavam suspensos e não poderiam começar a partida. As ausências mais sentidas estavam no lado dos blues: o meia brasileiro Ramires, destaque nos jogos contra o Barcelona, e o experiente zagueiro John Terry, capitão do time.

A novidade na equipe londrina foi escalação do jovem Ryan Bertrand, de 23 anos, que fez a sua estreia na competição europeia. A falta de experiência em jogos deste porte não foi motivo para que o técnico Roberto Di Matteo o deixasse no banco.

Sem Ramires, havia apenas um brasileiro entre os 22 jogadores que iniciaram o confronto: o zagueiro do Chelsea David Luiz, voltando a campo após ficar mais de um mês afastado por conta de uma lesão. O lateral Rafinha ficou entre os reservas do Bayern e o meia Luiz Gustavo também fez parte do time dos suspensos. O técnico da Seleção, Mano Menezes, marcou presença no estádio.

Apesar do início equilibrado, o Bayern levava mais perigo quando chegava ao ataque. Aos 12 minutos, Ribéry cruzou para Gomez, que cabeceou por cima da meta de Petr Cech. Os alemães foram aumentando a pressão com o passar do tempo. Na primeira metade da etapa inicial, o time da casa concentrava cerca de 60% da posse de bola, de acordo com o site da UEFA, entidade que organiza a Liga dos Campeões.

A primeira grande chance do jogo surgiu apenas aos 20, nos pés de Robben. Em jogada com Ribéry, o holandês invadiu a área e chutou para o gol, obrigando Cech a fazer uma ótima defesa com os pés. A bola bateu no travessão e o rebote ficou com Gomez, que deu uma "meia-bicicleta" para mandar a bola de volta para a área, mas o perigo foi prontamente afastado pela zaga do Chelsea.

Até então se defendendo e com menor posse de bola na partida, o Chelsea só conseguiu dar um chute a gol aos 33, em uma cobrança de falta do meia espanhol Juan Mata. A resposta veio no minuto seguinte, quando Ribéry avançou pela esquerda em jogada individual, cortou para o meio e chutou para fora. Aos 35, o francês participou novamente de um ataque do Bayern, rolando a bola para Contento cruzar da esquerda para Müller na área, que arriscou um voleio e errou o alvo, levando perigo.

Os ingleses conseguiram enfim uma finalização certa aos 36, apostando no contra-ataque. Lampard deu início a jogada, que passou de pé em pé entre Bertrand, Drogba e novamente no meia inglês até encontrar Kalou na direita. Ele chegou batendo de primeira e obrigou Neuer a fazer a sua primeira boa defesa do jogo.

Aos 41, o Bayern atacou mais uma vez, mas não conseguiu alterar o placar. Mario Gomez, vice-artilheiro da competição com 12 gols, recebeu de Robben, preparou o chute e mandou uma pancada por cima, longe do gol.

No segundo tempo, o Bayern seguiu levando mais perigo ao adversário, mas sem conseguir furar a barreira azul. Ribéry até balançou as redes aos 8 minutos, mas o gol foi anulado por conta da posição de impedimento do francês. Com pouco mais 70 minutos de jogo, os donos da casa mantinham a posse de bola em seus pés e já haviam arrematado em gol 21 vezes, contra apenas quatro tentativas dos blues.

Aos 30 do segundo tempo, Ribéry fez nova jogada individual na área e tentou o cruzamento. O desvio em Lampard obrigou Cech se esticar todo para ceder o escanteio. Dois minutos depois, o francês rolou para Müller, que recebeu em boas condições, mas pegou mal na bola e perdeu mais uma chance.

Na terceira grande oportunidade que teve para marcar, ele enfim se redimiu. Aos 37 minutos, Schweinsteiger levantou na área, mirando o artilheiro Mario Gomez. A bola passou pelo centroavante e encontrou Müller, que cabeceou em direção ao chão, enganando goleiro da equipe inglesa. A bola subiu e ainda bateu no travessão antes de estufar as redes.

O gol era o anúncio de que os minutos finais da partida seriam inflamados. Apesar da desvantagem no placar, o Chelsea não estava morto no jogo, muito menos o atacante Drogba. Após escanteio cobrado por Mata aos 43, o marfinense interceptou o cruzamento e cabeceou com força para o gol. Neuer ainda tocou na bola, mas nada pôde fazer diante da violência da finalização.

Com o empate, a partida foi para a prorrogação. Ou seja, mais 30 minutos de tensão estavam garantidos. E logo no início do tempo extra, Drogba recuou para ajudar o setor defensivo e acabou derrubando Ribéry na área. Pênalti.

Robben foi para a cobrança, com a chance de colocar o Bayern novamente à frente no placar. Nesse momento, porém, brilhou a estrela do experiente goleiro do Chelsea. Cech acertou o lado, defendeu a cobrança e sequer deu rebote.

Os alemães não se abateram por causa do pênalti perdido e continuaram tentando marcar o segundo. Já na etapa final da prorrogação, aos 2 minutos, Lahm arrancou pela intermediária e fez um belo lançamento para Olic, que dominou com liberdade no lado esquerdo da área e ajeitou para Van Buyten. Apesar de bem colocado, o zagueiro não acompanhou o raciocínio do companheiro. A bola saiu pela linha de fundo.

Quatro minutos depois, em jogada construída por Robben e Lahm, o lateral cruzou para Gomez, que não conseguiu dominar por causa da forte marcação londrina. David Luiz completou o serviço afastando a bola com o peito para a linha de fundo. Os ingleses aguentaram a pressão até o fim e decretaram o destino da decisão: o novo campeão europeu seria conhecido após uma série de cobranças de pênaltis.

Nas penalidades máximas, Neuer até apareceu bem, defendendo uma cobrança e, no melhor estilo Rogério Ceni, fazendo o seu gol. Desta vez, porém, ele não foi tão decisivo como na semifinal contra o Real Madrid.

Lahm e Gomez também converteram as suas cobranças, assim como David Luiz, Lampard e Ashley Cole. Cech, que já havia brilhado na prorrogação, defendeu mais um chute, agora, batido por Olic. Schweinsteiger acertou a trave.

Drogba, o herói do Chelsea no tempo normal, então foi o encarregado de bater a quinta cobrança e encerrar a série. O título inédito estava em seus pés e ele não decepcionou. O torcedor londrino, que ficou com o grito preso na garganta em 2008, hoje pôde soltar a voz e fazer a festa. Na casa do adversário.

Bayern de Munique 1 (3) , Chelsea (4)
Data: 19 de maio de 2012. Às 15h45 (horário de Brasília).
Local: Fußball Arena München (Allianz Arena), em Munique (Alemanha).
Árbitro: Pedro Proença (Portugal). Árbitros assistentes: Bertino Miranda e Ricardo Santos (Portugal). Árbitros assistentes adicionais: Manuel de Sousa e Duarte Gomes (Portugal).
Gols: Müller, aos 37, e Drogba, aos 43 minutos do 2º tempo
Cartões amarelos: Schweinsteiger, David Luiz, Drogba, Fernando Torres e Ashley Cole.

Bayern de Munique: Neuer; Lahm, Boateng, Tymoshchuk e Diego Contento; Schweinsteiger, Toni Kroos, Ribéry (Olic) e Robben; Thomas Müller (Van Buyten) e Mario Gomez. Técnico: Jupp Heynckes.

Chelsea: Cech; Bosingwa, David Luiz, Cahill e Ashley Cole; Mikel, Bertrand (Malouda), Lampard e Juan Mata; Kalou (Fernando Torres) e Drogba. Técnico: Roberto Di Matteo.