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Por que temos medo do escuro?

É natural se sentir inseguro quando as luzes do quarto estão apagadas, mas não precisa se apavorar

Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
01/09/2013 | 07:00
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O escuro representa o desconhecido. Em qualquer fase da vida, tudo o que não conhecemos direito e parece misterioso nos causa estranheza e receio. Desde pequenos aprendemos que a claridade é sinal de segurança. Assim, evitamos ou nos sentimos desprotegidos em lugares pouco iluminados.

Além disso, na infância, parte dos pensamentos está ligada à fantasia; nem sempre identificamos o que é real ou não. Ao apagar a luz do quarto, não enxergamos o que existe lá. E é aí que pensamentos sobre monstros podem surgir.

Mas, não se preocupe! Os monstrengos fazem parte apenas da imaginação. Também não sinta vergonha, pois esse tipo de temor é natural. Em geral, ocorre com mais intensidade até os 6 anos. A partir dos 7, costuma diminuir.

Há muitas formas de enfrentar o receio de escuro. É bacana conversar com adulto em quem confia sobre o assunto. Dá para perguntar aos amigos se sentem o mesmo. Pode ainda começar o sono com abajur de luz fraquinha ligado. Um adulto também pode acompanhá-lo no início da soneca. E que tal desenhar sobre o que o amedronta?
Outra dica é fazer brincadeira em que você observa os obstáculos (móveis e objetos) que existem no quarto quando está claro e, depois, os procura com o ambiente escuro. Vai perceber que tudo fica igual. Só cuidado para não se machucar.

Não vale correr sempre para a cama dos pais. Encarar a escuridão é importante para aprender a lidar com as dificuldades e a superar desafios. Também não é legal ficar até tarde na frente da TV, videogame e computador. Pode deixá-lo muito agitado e atrapalhar o sono.

O medo exagerado do escuro pode se transformar em terror noturno. Isso acontece quando a pessoa não consegue dormir direito à noite e acorda apavorada, chorando e até gritando. Nesse caso, precisa procurar a ajuda de especialista, como psicólogo ou psiquiatra.


Sentimento pode ajudar ou atrapalhar

Sentir medo é importante. Faz com que a gente pense antes de fazer algo. É o temor de ser atropelado e se machucar, por exemplo, que nos impede de atravessar a rua com veículos em movimento. O sentimento funciona como tipo de proteção contra perigos. Sem ele, colocaríamos nossa vida em risco em muitas situações.

No entanto, é preciso aprender a diferenciar o medo amigo do inimigo. O mau é aquele que nos paralisa, fazendo com que a gente não consiga pensar e agir direito. Ele pode crescer ao ponto de impedir que tenhamos dia a dia normal e atrapalhar o relacionamento com outras pessoas. O pavor exagerado de qualquer coisa (animal, lugar, objeto), em geral, recebe o nome de fobia.

Não é legal ser medroso demais. Quando isso ocorre na infância, é necessário receber ajuda dos adultos. Se você tem muito medo de algo, converse com alguém em quem confia.


André Coelho Diório, 9 anos, de São Bernardo, tinha bastante medo do escuro quando era pequeno. Certo dia, sentiu grande temor ao ficar preso no elevador sem luz. Aos poucos, porém, o receio diminuiu. “Imaginava que um monstro iria aparecer no quarto. Mas vi que não existe”, afirma o menino. A mãe não o deixa dormir muito tarde para que tenha sono tranquilo e acorde bem disposto pela manhã. “Não assisto a filmes de terror à noite. Posso ter pesadelo.”


Consultoria da psicóloga Maria Regina Domingues de Azevedo, professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina do ABC, e de Ivete Gattás, coordenadora da Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Unifesp.
 




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