Famílias da Comunidade Vila da Paz criam abaixo-assinado, com 225 assinaturas, para alterar parada; Defensoria Pública oficiou Prefeitura
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De segunda a sexta-feira, debaixo de sol forte e chuva, crianças andam quase 1 km (900 metros) para pegar o ônibus escolar em São Bernardo. Os estudantes são moradores da comunidade Vila da Paz, antigo Lixão do Alvarenga, e precisam caminhar em torno de 50 minutos por dia, considerando ida e volta, para frequentar a escola.
O transporte oferecido pela Prefeitura de São Bernardo atende pelo menos duas Emebs (Escolas Municipais de Educação Básica), Arlindo Miguel Teixeira e Francisco Beltran Batistini Paquito, ambas localizadas no Alvarenga. Além disso, no endereço também é realizado o transporte de alunos das E.E (Escolas Estaduais) Domingos Peixoto da Silva Professor e Jacob Casseb.
Em fevereiro deste ano, o ponto de embarque e desembarque dos estudantes foi alterado, passando da Rua Planalto, próximo ao número 45 (há 670 metros da comunidade) para a Rua dos Canários, número 90 – a mudança acrescentou 230 metros de distância no trajeto das crianças.
Segundo informações dos moradores, a alteração ocorreu porque o antigo endereço era em um terreno privado, e a proprietária teria cercado a área, impossibilitando o embarque e desembarque dos alunos. Porém os pais reclamam da distância do novo endereço, que ficou ainda mais longe da comunidade.
Para tentar reverter a situação, familiares, com apoio da Associação de Moradores Vila da Paz, criaram um abaixo-assinado, que já conta com 225 assinaturas. O documento foi entregue em fevereiro à Defensoria Pública de São Bernardo, que enviou um ofício às secretarias municipal e estadual de Educação cobrando esclarecimentos sobre a possibilidade de o transporte escolar voltar ao antigo endereço, na Rua Planalto.
Na ocasião, foi estipulado prazo de 15 dias úteis para que os órgãos respondessem o documento. Até ontem, nem a Prefeitura nem o governo estadual enviaram resposta. A Defensoria informou que irá expedir o ofício novamente ao Paço e ao Estado.
IMPACTOS
Mães ouvidas pelo Diário relataram as dificuldades enfrentadas por conta da longa distância percorrida diariamente para pegar o transporte escolar. Em dias de fortes chuvas, por exemplo, as crianças deixam de ir à escola.
Sabrina Alves dos Santos Ferreira, 30, mãe de dois filhos, de 4 e 7 anos, que utilizam o serviço de transporte, contou que além da chuva, o sol forte também impacta no deslocamento da família, que precisa sair muito antes do horário em que o ônibus passa para poder chegar a tempo para o transporte.
“Quando chove muito eles não vão para a escola, porque não tem condições de subir e descer várias vezes. Quando está muito quente eles já chegam cansados para aula, todos suados, e ainda precisam voltar à noite para casa. Sem contar que quando estão doentes, um pouco mais fracos, não tem como andar muito”, explicou.
Letícia Ciríaco dos Anjos, 24, faz o percurso quatro vezes por dia, pois deixa os dois filhos, de 6 e 4 anos, em horários distintos – o menino estuda na parte da manhã e a menina no período da tarde. A moradora denuncia ainda a infraestrutura do espaço em que as crianças aguardam os ônibus.
“A calçada não está toda pavimentada, os bueiros estão com as tampas quebradas, é um perigo para as crianças ficarem esperando. O local é no final de uma descida bem íngreme, onde os carros e ônibus descem em alta velocidade. Imagina diversos estudantes, desde os pequenos até os adolescentes, todos juntos, em um local desses? É muito perigoso”, reclamou Letícia.
A dona de casa, Ana Priscila Martins, 35, disse ainda que na semana passada, por volta das 6h, ela e outros alunos que aguardavam os veículos escolares presenciaram um assalto. “Parou uma moto com dois homens, um deles estava armado e assaltou outro motoqueiro que estava no local. Todo mundo saiu correndo quando viu, foi desesperador”, afirmou.
ALTERNATIVA
Os familiares sugerem para a Prefeitura e para o Estado que os ônibus escolares realizem uma parada para embarque e desembarque, na Avenida Divisa Verde, no número 10, endereço que fica próximo à entrada da comunidade. “Não precisa mudar o ponto, mas pelo menos poderiam colocar uma nova parada, assim conseguiriam atender às crianças de todos os bairros sem causar nenhum prejuízo. Esse é um local aberto, fica próximo ao ponto de ônibus municipal”, pontuou.
Questionadas sobre o assunto, a Prefeitura de São Bernardo não respondeu sobre a mudança e a possibilidade de acrescentar uma parada no trajeto dos ônibus escolares. A Seduc (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo) informou que o endereço solicitado pelos responsáveis está localizado em Diadema – a região faz divisa com o município – e que o contrato do transporte escolar prevê rota apenas no município de São Bernardo.
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