Início
Clube
Banca
Colunista
Redes Sociais
DGABC

Sexta-Feira, 3 de Maio de 2024

Setecidades
>
Negligência
Jovem fica 15 dias com gazes no corpo após dar à luz no Hospital da Mulher
Thainá Lana
23/04/2024 | 08:05
Compartilhar notícia
FOTO: Celso Luiz/DGABC


Mais um caso de material cirúrgico esquecido em corpo de paciente no Hospital da Mulher é denunciado. Desta vez o episódio aconteceu em outubro de 2023, com a jovem Giovanna Oliveira da Silva, 19 anos, que ficou por 15 dias com bolo de gazes no canal vaginal após dar à luz na unidade hospitalar.

A moradora do Parque Esmeralda, São Bernardo, contou que após dez dias do parto começou a sentir um cheiro muito forte de sangue, mesmo depois de realizar a higienização pessoal. Além disso, o sangramento pós-parto, condição natural que ocorre com a mulher até seis semanas depois do procedimento, já estava diminuindo em menos tempo do que o previsto. A são-bernardense também teve desconforto ao andar, mas pensou que o colo do útero tivesse descolado. Ela havia sido informada que essa condição poderia ocorrer caso tivesse feito força excessiva na hora de dar à luz.

“Minha mãe é técnica de enfermagem, então ela achou muito estranho aquele cheiro forte de carniça. Decidimos voltar para o hospital para verificar o que poderia estar acontecendo. Foi quando para a minha surpresa a médica que me atendeu disse que tinha um objeto no meu canal vaginal”, afirmou Giovanna.

A jovem explicou que a profissional responsável pelo atendimento retirou um bolo de gazes do seu corpo. O material cirúrgico esquecido estava retendo o sangue. Giovanna acredita que as gazes devem ter sido colocadas durante o parto normal para conter o sangramento derivado da episiotomia, incisão efetuada na região do períneo para ampliar o canal de parto.

“A médica me disse que se continuasse com aquele material no corpo poderia gerar uma infecção e possivelmente um câncer. Essas foram as palavras dela. Após a retirada do item, me passaram apenas uma pomada e não fiz nenhum exame ou acompanhamento para saber como estava minha saúde”, lamentou a paciente.

Giovanna não abriu BO (Boletim de Ocorrência) do caso por achar que o episódio “não daria em nada”. A jovem decidiu falar sobre o assunto após acompanhar série de denúncias de negligência e violência obstétrica, divulgadas na última semana pelo Diário.

“Foi quando percebi que meu caso não era isolado, que não tinha acontecido uma única vez. No começo pensei mesmo que era algo pontual, porque tinha tantos profissionais no quarto, médica, enfermeiros, residentes, não imaginei que isso ocorria com frequência. Vou solicitar meu prontuário ao hospital, espero que eles tenham marcado o procedimento da retirada de gazes lá, não apenas como uma consulta normal de rotina. Minha família é testemunha também”, finalizou a mãe da pequena Maya, de apenas seis meses.

Questionada sobre o caso de Giovanna, a Prefeitura de São Bernardo não respondeu até o fechamento desta edição.

Delegada diz que três casos foram encaminhados à Justiça

A delegada Kelly Cristina Sacchetto César de Andrade, titular da Delegacia Seccional de São Bernardo, disse que três casos de negligência contra gestantes no Hospital da Mulher já foram encaminhados à Justiça – as ocorrências não foram reveladas. O Diário revelou nove denúncias de negligência no hospital, sendo que pelo menos sete estão sob investigação da Polícia Civil. 

Kelly explicou que os casos que apresentam anormalidade ou gravidade são objetos de investigações com notificações aos envolvidos e são solicitados laudos médicos do Instituto Médico Legal e prontuários. 

“A princípio reunimos todos os elementos, indícios e vestígios dos casos registrados. Depois questionamentos médicos, diretores clínicos e administrativos de cada hospital. Oficiamos a Prefeitura à instauração e fornecimento do processo administrativo de cada caso, além de envio de ofícios ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo e ao Conselho Federal de Medicina”, diz a delegada.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.