Legenda perdeu em três anos quase metade dos membros, caindo de 1.031 para 580; sigla passa a usar Fundo Partidário
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Registrado oficialmente em 2015 com promessa de ser “verdadeiramente diferente”, o Partido Novo amarga queda significativa de filiados no Grande ABC. Com seu grande boom de filiações a partir da candidatura de João Amoêdo à Presidência da República em 2018 e nos dois primeiros anos de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a sigla viu o ‘encantamento’ ruir a partir das eleições municipais de 2020. No Grande ABC, a agremiação chegou a ter 1.031 filiados em 2020. Três anos depois, esse número caiu 47% e hoje o partido tem na região 580 membros.
Atualmente, o Novo não possui nenhum mandato na região. A única vereadora eleita pela sigla em 2020, Thai Spinello, em São Caetano, se desfiliou devido a desentendimentos com a direção partidária. Nessa mesma eleição, o partido lançou apenas uma candidatura a prefeito: Mário Bohm, também em São Caetano.
Coordenador do Novo na região, Paulo Proieti atribui esse ‘esvaziamento’ a uma decisão do ex-presidente nacional do partido João Amoêdo. “Em 2020, o Amoêdo decidiu que iríamos concorrer a apenas 12 prefeituras no Estado de São Paulo. foi um erro grotesco de direção partidária. Tínhamos chapa montada para disputar também em Santo André, São Caetano e Mauá e com essa refugada do ex-presidente houve um sentimento de frustração generalizada”, explica.
Proieti afirma que o Novo está em processo de forte reestruturação regional e que isso passa por ter candidaturas próprias ao Paço de algumas cidades. Até o momento, destaca ao Diário, está garantido que a sigla terá candidatos em Santo André (vereador Edson Sardano), São Bernardo (Rafael Demarchi), Ribeirão Pires (Ricardo Abílio) e São Caetano, que ainda está em fase de definição, mas provavelmente deverá ser Mário Bohm novamente.
“Estamos abertos a conversa com todos os partidos de direita. O problema é que todos tendem a orbitar em projetos de quem já detém o poder. Como o Novo é diferente, a gente não vai orbitar em ninguém. Vamos fazer o nosso voo solo com esperança que o eleitor entenda”, ressaltou, enfatizando que o projeto também passa pela eleição de cadeiras nos Legislativos, a fim de firmar bases e criar capilaridade para a candidatura de Romeu Zema à Presidência da República em 2026.
FUNDO PARTIDÁRIO
Uma das principais bandeira do Novo e que a legenda dizia ser uma ruptura com sistema e uma nova forma de fazer política, era a não utilização de verbas públicas. Era contra, por exemplo, o uso do Fundo Partidário, recursos repassados pela União para assistência aos partidos políticos. Para isso, previu em seu estatuto a contribuição mensal de R$ 33 para os filiados. O projeto era tentar se sustentar com esse recurso e com doações.
Com o passar dos anos e com a perda constante de correligionários, o partido entrou em ‘crise’ financeira, o que fez o Novo mudar seu estatuto e passar a permitir o uso do chamado Fundão. Na quinta-feira (22), inclusive, o partido decidiu em convenção nacional que irá utilizar o recurso já nas eleições municipais deste ano.
Paulo Proieti defende que a utilização da verba faz parte da reorganização da legenda. “Em meio à pandemia, muita gente perdeu empregos e o Novo acabou sofrendo muito. Agora, estamos nos reestruturando dentro de uma nova realidade, dentro de uma nova lógica de competição partidária”, conclui.
CRITÉRIOS
As regras definidas pelo Novo para a utilização do Fundo Partidário vão levar em consideração critérios como o tamanho das cidades, o tamanho da lista de candidatos, a capacidade de captação de recursos privados e a presença de mandatários. Será feita uma divisão para cada Estado que respeitará, entre outros pontos, a quantidade de municípios, e o número de eleitores atingidos.
Neste ano, o Fundo partidário vai repassar R$ 4,9 bilhões. O novo deverá receber cerca de R$ 43 milhões.
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