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O Grande ABC e as exportações
Valter Palmieri Junior
25/10/2022 | 11:10
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O Grande ABC e as exportações

A indústria brasileira perde cada vez mais competitividade internacional e isso contribui para mudanças importantes na geração de empregos e renda no País, afinal, o salário médio da indústria é 51,3% maior que da agropecuária, que é o setor que relativamente mais cresceu nos últimos anos. Esse fenômeno tem se aprofundando nos últimos anos. O PIB do setor industrial caiu 9,65% entre 2014 até 2021. Essa transformação estrutural da economia brasileira afeta muito as regiões tradicionalmente mais industrializadas do país, como por exemplo o Grande ABC paulista, que atualmente participa de apenas 5,38% do total da indústria de transformação do Estado de São Paulo (Seade, 2021).

O fenômeno da desindustrialização afeta as três cidades na participação relativa das exportações totais do Brasil. Essa diminuição relativa da importância das exportação é ruim para o País, uma vez que a região é uma das poucas que consegue exportar produtos industrializados com maior valor agregado. De janeiro até setembro de 2022, cada tonelada média de produtos exportados pelo Brasil rendeu US$ 555,6, enquanto a média dos produtos exportados pelo Grande ABC foi US$ 6.286,0. A cidade de Santo André exporta principalmente pneumáticos de borracha (43% em 2022) e é a cidade líder no País, seguida por Rio de Janeiro-RJ e Americana. Argentina é maior importador desse produto (29,4%) e depois EUA (25,5%). Já São Bernardo é a que mais exporta tractores no Brasil (19%), quase o dobro da segunda cidade (Curitiba-PR) e 15% de veículos para transporte de mercadorias, também líder nesse segmento. Mais de um terço de tudo que a cidade exporta é para a Argentina (33,6%).

São Caetano é a segunda cidade do Brasil que mais exporta veículos de passageiros (84%), perdendo apenas para Sorocaba. O México é o principal destino das exportações (23,1%), logo depois vem Colômbia com 16,1% e a Argentina (13,7%). Em geral, o Grande ABC exporta mais produtos industrializados para países da América Latina.

O Brasil estava ganhado espaço nas exportações de produtos com maior valor agregado, nos últimos anos, que dinamizam mais a economia, o mercado de trabalho e incentivos financeiros para a inovação, mas ultimamente vai na contramão, com apoio principalmente os setores primários da economia, que dinamizam muito menos o PIB do País. O Grande ABC foi e é muito importante para o desenvolvimento brasileiro, mas se o País continuar com o desinvestimento em política industrial haverá ainda mais retração econômica. Esperemos que o próximo governo acorde para a questão.

Valter Palmieri Junior é doutor em desenvolvimento econômico e professor de economia da Strong Business School.




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