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Um Profeta que 'deve muito' ao Santo André
Dérek Bittencourt
03/05/2022 | 00:01
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Hernanes realizou ontem, no Estádio do Morumbi, evento para falar sobre sua aposentadoria do futebol. Aos 36 anos, o meio-campista decidiu pendurar as chuteiras. E para decorar o local onde foi realizada a coletiva de imprensa, em um restaurante montado em um dos camarotes da praça esportiva, o Profeta utilizou troféus e camisas que utilizou durante sua trajetória no esporte, entre elas a do Santo André, que vestiu na temporada 2006, além dos mantos de São Paulo (onde se transformou em ídolo, conquistou títulos e ainda salvou de um rebaixamento praticamente fadado no Brasileirão de 2017), Lazio, Inter de Milão, Juventus (trio da Itália), Hebei China Fortune (China) e Sport, além da Seleção Brasileira.

Aliás, o Ramalhão publicou uma homenagem a Hernanes em suas redes sociais. “O nosso parabéns ao Profeta pela sua carreira, e desejamos sucesso nessa nova fase da vida”, declarou o clube. O jogador vestiu a camisa andreense em 43 oportunidades em compromissos pela Série B do Campeonato Brasileiro (na qual o time terminou na sétima colocação, a cinco pontos do acesso à elite), pelo Campeonato Paulista (a equipe terminou em 15º lugar, à beira da zona de rebaixamento, e salvou-se justamente ao derrotar o vizinho e rival São Caetano, por 2 a 1, em pleno Anacleto Campanella) e pela Copa do Brasil (eliminado pelo Potiguar-RN), marcando oito gols. Hernanes chegou ao Santo André emprestado pelo São Paulo, em negociação que envolveu a cessão do volante Ramalho ao Tricolor.

Conversando ontem com meu colega de Redação Anderson Fattori, ele recordou uma entrevista que Hernanes concedeu ao Diário durante a Copa das Confederações de 2013. Diretamente de Fortaleza, o então jogador da Lazio disse que no tempo em que defendeu o Santo André pensou em abandonar o futebol. Entretanto, em setembro de 2006 ele se casou, reconsiderou, colocou a cabeça no lugar e deslanchou: jogando como atacante ao lado de Sandro Gaúcho, marcou seis gols nos últimos seis jogos do Ramalhão na Série B daquele ano – incluindo um golaço diante do São Raimundo-AM.

“Passei momentos bem complicados no Santo André. Não pelo clube, mas por mim mesmo. Comecei a pensar que não daria certo, mas depois mudei o foco, juntei todas as minhas forças e consegui recuperar a vontade. Até hoje, quando passo por dificuldade, lembro daqueles momentos no Santo André e consigo me recuperar rapidinho”, disse Hernanes ao Diário. “Cheguei a ser reserva e isso me deixou ainda mais para baixo. Ajudou muito o fato de eu ter casado em setembro. Mudei meu foco, voltei a acreditar em mim e desenvolver meu futebol no segundo semestre”, emendou. “Considero grande divisor de águas na minha carreira. Depois disso subi demais, ganhei muita confiança e hoje estou aqui, representando o Brasil na Copa das Confederações. Por isso dou muito valor para tudo que tenho e o que já conquistei”, completou.

E uma passagem que talvez poucos saibam – e que eu também não sabia – é que por muito pouco Hernanes não voltou e ficou em definitivo no Santo André depois que o empréstimo terminou. Em janeiro de 2007 ele se reapresentou ao São Paulo e embarcou com o time para uma excursão na China. Seu desempenho encantou o técnico Muricy Ramalho, que solicitou a renovação de contrato dele com o Tricolor – o vínculo estava próximo de expirar. Caso isso não tivesse acontecido, o Ramalhão já se mexia nos bastidores para repatriar o Profeta. E qual seria a história se isso tivesse acontecido? Só como base de comparação, os são-paulinos venderam o meio-campista para a Lazio por R$ 30,9 milhões. As outras transferências de Hernanes para Inter, Juventus e Hebei movimentaram outros R$ 134 milhões (e o Tricolor ficou com uma parcela por ser o clube formador). Dando sequência ao devaneio: e se esse dinheiro tivesse entrado nos cofres da agremiação, onde estaria hoje o Santo André?<EM>

LAMENTÁVEL
Durante os 90 minutos do dérbi de sábado, pela Série D do Campeonato Brasileiro, as torcidas de Santo André e São Bernardo FC se provocaram do lado de dentro do Estádio Bruno Daniel, com xingamentos e músicas provocativas, na tentativa de provar “quem manda no Grande ABC”. Em campo, o Tigre venceu por 1 a 0 e subiu à vice-liderança do Grupo G, com cinco pontos, derrubando o rival para quinto, com três. Após o jogo, no entanto, ocorreu um triste fato: um “torcedor” do Santo André (segundo informações, não era ligado a nenhuma uniformizada do clube) atirou uma pedra no ônibus do São Bernardo FC, trincando o vidro da frente do veículo. Por sorte, ninguém se feriu, mas o incidente fez com que o Ramalhão soltasse uma nota de repúdio ao fato. “Tomamos conhecimento do lamentável episódio de vandalismo feito por um torcedor, já identificado, contra o ônibus da equipe profissional do São Bernardo FC, situações como essa mancham a imagem do EC Santo André. A diretoria do EC Santo André repudia tal fato e reitera a luta para que tais fatos não voltem a ocorrer. A cultura do ódio no futebol deve acabar”, posicionou-se, acertadamente, o Ramalhão. 




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