A primeira quebra de um motor Ferrari em corridas desde julho do ano passado tirou de Rubens Barrichello a chance de lutar pela vitória no GP dos EUA de Fórmula 1, neste domingo em Indianápolis. Faltavam seis voltas para o final da corrida quando uma fumaça começou a sair da traseira do carro do brasileiro, que perseguia o líder Mika Hakkinen num ritmo que lhe permitiria brigar pela ponta.

O motor não agüentou e Barrichello acabou abandonando numa de suas melhores atuações na temporada. Ao contrário da maioria dos pilotos, Rubens saiu com uma estratégia de duas paradas, para ter o carro mais leve e mais veloz na maior parte da prova. Em Monza, há duas semanas, fizera o mesmo. E só não ganhou porque num dos pit stops a Ferrari se atrapalhou com o reabastecimento.

Neste domingo, as paradas foram rápidas e precisas. Quando Barrichello saiu dos boxes, na 50ª volta, depois do segundo pit stop, estava 6s1 atrás de Hakkinen. A diferença foi despencando à taxa de meio segundo por volta, até chegar a 2s2 na 61ª. Subiu um pouco por conta dos retardatários, mas era claro que o brasileiro tinha um carro mais rápido que o finlandês, e que nas últimas voltas tentaria a ultrapassagem.

O motor quebrado acabou com o sonho de Rubens de vencer pela primeira vez no ano. Mika, por sua vez, soube ganhar. O domingo começou mal para ele, que era segundo no grid mas teve de largar em quarto porque, no warm up, saiu dos boxes com o sinal vermelho. A punição foi perder a melhor volta na classificação. “Isso me deixou muito irritado”, falou Hakkinen.

Mika foi uma espécie de coadjuvante do GP norte-americano até a metade da prova. Desde o início, lutavam pela vitória Barrichello, seu companheiro Michael Schumacher e o colombiano Juan Pablo Montoya, da Williams. Na largada, Schumacher fez prevalecer a pole e saltou na frente. Montoya e Barrichello partiram muito bem e seguiram o alemão em segundo e terceiro.

Rubens passou Montoya na terceira volta. Como Schumacher iria parar apenas uma vez, deixou Barrichello fazer a ultrapassagem na quinta volta. O brasileiro tinha de acelerar o máximo para descontar na pista o tempo que iria perder com uma parada a mais que os rivais.

Barrichello parou na volta 27, quando tinha 12s5 de vantagem para Schumacher. Voltou em quinto. Michael resistiu à pressão de Montoya até a volta 34, quando foi ultrapassado. Juan Pablo fez seu pit stop duas voltas depois e quando saiu dos boxes estava em quinto, atrás de Barrichello. Mas não precisaria parar mais.

Até lá, Mika era um espectador privilegiado da corrida. Estava em segundo, bem longe de Schumacher, e ambos fariam apenas um pit stop. A sorte do finlandês começou a virar quando Montoya saiu da luta, com pane hidráulica na 38ª volta. Schumacher parou na 39ª para seu pit stop e caiu para quarto. Foi o melhor momento do piloto da McLaren, que construiu uma vantagem no cronômetro suficiente para fazer sua parada na 45ª, voltar à frente de Schumacher em segundo e atrás apenas de Barrichello, que ainda tinha um pit stop para cumprir.

Quando Rubens parou, Mika reassumiu a liderança e nela ficou até o fim. Com a quebra do brasileiro, Schumacher, que teve um domingo apagado, recebeu a bandeirada em segundo, seguido por David Coulthard.

Hakkinen, que tem apenas mais um GP pela frente numa carreira que começou em 1991, chegou a sua 20ª vitória, segunda no ano. Depois da prova de Suzuka, em 14 de outubro, pendura o capacete. Normalmente gelado, Mika chorou. “Estou meio confuso para dizer o que estou sentindo... Hasta la vista!”, falou.