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Favela invade parte de rua em Sto.André
Márcia Pinna Raspanti
Do Diário do Grande ABC
13/08/2001 | 21:25
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A rua Bougival, na Vila Vitória, em Santo André, foi invadida por moradores da favela Bougival, que ocuparam parte da via e não deixaram espaço para a passagem de veículos. As casas e barracos avançaram tanto que, em alguns trechos, a rua ficou com apenas 1 m de largura.

Os proprietários das áreas particulares, que têm suas casas regularizadas, não se conformam com a situação. “Não podemos entrar com o carro em nossas próprias casas. Temos de deixar o automóvel estacionado longe e andar a pé até em casa”, disse o gráfico Gilmar Carvalho, 46 anos, morador do local desde 1989. Os moradores abriram processo junto à Prefeitura, em 1990, para que a rua fosse asfaltada. “Eles (Prefeitura) alegam que não podem fazer nada enquanto o pessoal da favela morar aqui. A Prefeitura diz também que não tem dinheiro para remover as pessoas, e a situação se arrasta há anos”, disse Carvalho. Segundo os moradores, a favela invadiu a rua há mais de sete anos e nenhuma providência foi tomada.

“Tenho o terreno há dois anos e já tentei de tudo para resolver a situação. Tive de vender meu carro, porque não podia guardar na garagem e era muito perigoso deixá-lo na rua. A via é regularizada pela Prefeitura e temos direito a ela”, disse a vendedora Andréa Cristina de Oliveira, 25 anos.

Os moradores da favela, por sua vez, dizem que nunca houve uma rua de fato no local. “Nunca passou carro por aqui. O pessoal do bairro fala isso para tentar tirar a favela daqui”, disse o pedreiro Antônio Aparecido da Silva, 41, que mora na rua Bougival há sete anos.

O desempregado Severino Bezerra Vasconcelos, 36, concorda com o vizinho. “Que eu saiba, a rua sempre foi assim estreitinha. Se a Prefeitura quer tirar a gente daqui para abrir a rua, que nos leve para outro local e construa novas casas”, disse.

A rua Bougival nunca foi asfaltada, mas existe oficialmente em projeto reconhecido pela Prefeitura. “Se a rua faz parte do projeto viário da Prefeitura, é natural que seja pavimentada. O problema é que, sem removermos as famílias que vivem ali, não podemos reabrir a rua”, disse Rosana Denaldi, diretora do Departamento de Habitação de Santo André.

A favela Bougival tem cerca de 350 moradores, 250 dos quais precisam ser removidos por ocuparem área do sistema viário (a rua Bougival e o entroncamento com a rua Ascenção) ou por estarem às margens do córrego que cruza o bairro. Apenas 100 famílias estão em áreas que permitem reurbanização.

Segundo Rosana Denaldi, seriam necessários R$ 8,7 milhões (R$ 5 milhões para construção de apartamentos e o restante para a compra do terreno) para a remoção das 250 famílias e a desobstrução da rua. “A Prefeitura busca recursos externos para o projeto de habitação do município. Apesar de essas famílias ocuparem o sistema viário e de ser nossa prioridade retirá-las, não estão em situação de risco e não há perigo de acontecer algo trágico”, disse.

Não há previsão para a remoção das famílias e reabertura da rua Bougival. “A maioria dessas moradias está sobre o sistema viário. A abertura da rua é um problema relativamente simples, se comparado à remoção das famílias”, disse Rosana.




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